O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso criticou, em artigo publicado no jornal inglês The Guardian, nesta quarta-feira (15), a condução da política antidrogas no Brasil e defendeu a legalização da maconha no País. "Política existente só destrói vidas", escreveu.
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Segundo o ministro, "a insanidade desta política é impressionante: destrói vidas, gera piores resultados para a sociedade, é caro e não tem impacto no tráfico de drogas. Somente a superstição, o preconceito ou a ignorância podem fazer com que alguém pense que isso é efetivo".
Em julgamento iniciado no STF sobre o assunto, Barroso já havia defendido o seu ponto de vista sobre a política antidrogas ao votar pela liberação da maconha para consumo próprio. "Eu votei por descriminalizar a posse da maconha para consumo próprio. O caso foi suspenso e não tem data para ser retomado (no STF). Eu também propus a abertura de um debate sobre a legislação sobre a maconha", esclareceu. "Por décadas, o Brasil tem adotado a mesma política antidrogas. Polícia, armas e inúmeras prisões. Não precisa ser um especialista para concluir o óbvio: a estratégia falhou", continuou Barroso.
Ainda conforme o ministro, "drogas são ruins, por isso o estado e a sociedade devem desencorajar o consumo, tratar os dependentes e reprimir o tráfico (...) nós deveríamos considerar a possibilidade de tratar a maconha como o cigarro: um produto lícito, regulado, vendido em alguns lugares, taxado e submetido restrições de idade e publicidade, alertando com notícias e campanhas que desencorajem o consumo".
Presidência
Por conta de outro artigo, publicado pelo jornalista brasileiro Elio Gasparai, o ministro emitiu uma nota à imprensa, nesta quarta-feira, desmentindo qualquer possibilidade de uma candidatura à presidência do País. "Gostaria de afirmar, de forma categórica, que eu vivo para pensar o Brasil e ajudar a aprimorar as instituições, mas sempre dentro da minha missão como professor e, circunstancialmente, como Ministro do STF. Em definitivo, asseguro que não passa pela minha cabeça qualquer projeto eleitoral", declarou.