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Diretor da PF fala em dúvida sobre corrupção de Temer

''A gente acredita que, se fosse sob a égide da Polícia Federal, essa investigação teria de durar mais tempo", disse Segóvia

JC Online e Estadão Conteúdo
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Publicado em 20/11/2017 às 14:18
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''A gente acredita que, se fosse sob a égide da Polícia Federal, essa investigação teria de durar mais tempo", disse Segóvia - FOTO: Foto: ABr
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Em entrevista coletiva após a cerimônia de transmissão de cargo, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, criticou a condução da investigação em torno da denúncia apresentada contra o Presidente Michel Temer. Para Segóvia, hoje há um ''ponto de interrogação no imaginário'' da população sobre o papel do presidente no crime de corrupção atribuído pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

"A gente acredita que, se fosse sob a égide da Polícia Federal, essa investigação teria de durar mais tempo porque uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime, quem seriam os partícipes e se haveria ou não corrupção", disse.

A denúncia contra Michel Temer foi baseada no episódio em que o ex-assessor do presidente Rodrigo Rocha Loures foi flagrado pela Polícia Federal saindo de uma pizzaria em São Paulo com R$ 500 mil supostamente pagos em propina pela JBS.

Sobre os questionamentos acerca da Polícia Federal, o novo diretor esclareceu que pretende obedecer à Constituição. "Nesse vendaval de dúvidas e questionamentos quanto ao futuro da Polícia Federal, gostaria de reafirmar que a minha postura, como tradição, é de obedecer sempre e estritamente às leis e à Constituição, respeitando os direitos humanos e ao mesmo tempo a independência no cumprimento do meu dever", discursou.

PF e MPF


O novo diretor-geral da PF também destacou na solenidade que "há hoje uma infeliz e triste situação de uma disputa institucional de poder" entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF). "Mas confio muito no espírito de maturidade institucional e profissional dos membros dessas instituições, que neste momento têm a oportunidade de escrever um novo capítulo em sua história, deixando de lado a vaidade e a sede de poder, buscando um equilíbrio e entendimento em nossas ações em prol de toda a nação brasileira, pois o único que se beneficia com essa disputa é o crime organizado", comentou Segóvia.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) propôs no Supremo, em abril do ano passado, uma ação pedindo para que seja declarada a inconstitucionalidade do trecho da lei de organizações criminosas que permite ao delegado de polícia firmar acordos. O Ministério Público Federal sustenta que o acordo pressupõe a participação dos agentes que são parte no processo - o que engloba a instituição, mas não a Polícia Federal. O argumento é de que, como cabe ao MP fazer a denúncia, só o próprio órgão pode negociar os efeitos da acusação.

 

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