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Temer quer frente anti-Lula nos ministérios

A estratégia do presidente Temer é aproveitar a reforma ministerial para construir ampla aliança de centro

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Publicado em 18/01/2018 às 8:22
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A estratégia do presidente Temer é aproveitar a reforma ministerial para construir ampla aliança de centro - FOTO: Foto: Agência Brasil
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O Palácio do Planalto vai condicionar a manutenção dos partidos no comando de ministérios ao apoio a um candidato que tenha aval do governo para a disputa à Presidência e seja uma espécie de anti-Lula. A estratégia do presidente Michel Temer é aproveitar a reforma ministerial, em março, para construir ampla aliança de centro. O plano está sendo desenhado para conquistar mais da metade do horário eleitoral na TV e isolar o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na avaliação de auxiliares de Temer, mesmo que Lula seja condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) no dia 24, em Porto Alegre, o nome dele pode estar na urna, em razão de recursos judiciais. Diante dessa perspectiva, o governo se prepara para uma ofensiva política contra a oposição, menos de dois anos após o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

No mínimo 13 dos 28 ministros devem deixar os cargos até 7 de abril para disputar as eleições. Temer, porém, quer fazer todas as trocas na equipe em março. A expectativa é de que, até lá, já esteja claro quem será o nome ungido pelo Planalto.

O PP do senador Ciro Nogueira (PI) flerta com uma possível candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas abriu negociações regionais com o PT de Lula, principalmente no Piauí. "Lula foi o melhor presidente para este país, para o Piauí e para o Nordeste", disse Ciro, no fim de 2017, à TV Meio Norte. "Lula é o meu candidato a presidente."

O partido controla Saúde, Agricultura e o titular das Cidades, Alexandre Baldy, é considerado da cota da legenda, embora ainda não tenha se filiado. O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, também foi indicado pelo PP.

Incerteza

A cúpula do PR não definiu quem apoiará para a sucessão de Temer, sob o argumento de que o cenário está nebuloso e ainda nem se sabe se a reforma da Previdência será aprovada. O ex-deputado Valdemar Costa Neto, que na prática dirige o partido, mantém ótima relação com Lula, mas também circula no Planalto. "O PR não descarta apoiar Lula", disse José Rocha (BA), líder na Câmara.

No comando do Ministério dos Transportes, o PR conseguiu retirar o Aeroporto de Congonhas da lista de privatizações. Em troca, ajudou Temer a derrubar a segunda denúncia apresentada contra ele pela Procuradoria-Geral da República.

O governo defende um único concorrente da base e até agora não se empolgou nem com Maia - que tem contrariado o Planalto ao adotar tom pessimista sobre a aprovação da reforma da Previdência - nem com a candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Embora Jair Bolsonaro (PSC-RJ) esteja em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Lula, a percepção no Planalto é de que a campanha do deputado não vai decolar.

PSDB

Em recente entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Temer elogiou o governador Geraldo Alckmin, que postula a vaga pelo PSDB, disse preferir Meirelles na Fazenda e avaliou que a prioridade de Maia é a reeleição na Câmara.

Antes de entrar em férias, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, teve conversa reservada com Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes. Tucano, Aloysio deve deixar a equipe em março, para concorrer a novo mandato no Senado, e torce por um acordo entre o PSDB e o MDB para a disputa ao Planalto.

"O Michel não quer perder essa relação com o PSDB, mas eu acho que ele é candidatíssimo à reeleição", afirmou o deputado Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara. "O MDB precisa ter candidato próprio para resgatar sua imagem e parar de ficar servindo de muleta para os outros", disse o deputado Mauro Pereira (MDB-RS).

Enquanto o quadro não se define, Temer enfrenta disputa judicial para manter a nomeação da deputada Cristiane Brasil (RJ), filha do presidente do PTB, Roberto Jefferson, para o Ministério do Trabalho. Ela foi impedida pela Justiça de assumir por causa de ações trabalhistas.

Para a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), os partidos da base "brigam entre si" para definir um candidato porque não têm propostas. "Qual é o projeto que essa gente tem? Cortar despesas sociais, retirar direitos dos trabalhadores e vender o patrimônio público. Alguém ganha eleição com uma plataforma dessas?" As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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