Bahia

Wagner levou R$ 82 milhões da Fonte Nova em propina, diz PF

A investigação mira irregularidades na contratação dos serviços de demolição, reconstrução e gestão do estádio da Copa 2014.

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Publicado em 26/02/2018 às 13:45
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A investigação mira irregularidades na contratação dos serviços de demolição, reconstrução e gestão do estádio da Copa 2014. - FOTO: Foto: ABr.
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A delegada da Polícia Federal (PF) Luciana Matutino Caires, responsável pela Operação Cartão Vermelho, deflagrada nesta segunda-feira, 26, afirmou que o ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) recebeu "boa parte" do valor desviado do superfaturamento do estádio Arena Fonte Nova, em Salvador. O petista teria levado R$ 82 milhões em propina e caixa 2, segundo a investigação.

Jaques Wagner governou o Estado entre 2007 e 2014. Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão da Cartão Vermelho nesta segunda.

A investigação mira irregularidades na contratação dos serviços de demolição, reconstrução e gestão do estádio da Copa 2014. A Polícia Federal identificou que "a licitação que culminou com a Parceria Público Privada nº 02/2010 foi direcionada para beneficiar o consórcio Fonte Nova Participações - FNP, formado pelas empresas Odebrecht e OAS".

"Em razão das delações da Odebrecht e de material apreendido na OAS, nós verificamos que de fato o então governador recebeu uma boa parte do valor desviado do superfaturamento para pagamento de campanha eleitoral e de propina. Havia dois intermediários, seja pela OAS seja pela Odebrecht que também foram alvo de busca nesta data. Um destes intermediários é o atual secretário da Casal Civil do Governo do Estado da Bahia e outro é o empresário muito próximo do então governador e também foi alvo de busca nesta data", afirmou a delegada.

A Cartão Vermelho cumpriu sete mandados de busca e apreensão em Salvador. A PF vasculhou o gabinete de Jaques Wagner na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado, pasta comandada pelo petista. O chefe da Casal Civil do Governo da Bahia Bruno Dauster também foi alvo de buscas.

Em nota, a PF informou que "dentre as irregularidades já evidenciadas no inquérito policial estão fraude a licitação, superfaturamento, desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro".

"A obra, segundo laudo pericial, foi superfaturada em valores que, corrigidos, podem chegar a mais de R$ 450 milhões, sendo grande parte desviado para o pagamento de propina e o financiamento de campanhas eleitorais."

Os mandados - expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região - estão sendo cumpridos em órgãos públicos, empresas e endereços residenciais dos envolvidos no esquema criminoso, e têm por objetivo possibilitar a localização e a apreensão de provas complementares dos desvios nas contratações públicas, do pagamento de propinas e da lavagem de dinheiro.

Defesas

A reportagem fez contato com a defesa do ex-governador Jaques Wagner e com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, mas não havia recebido resposta até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para as manifestações.

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