ELEIÇÕES 2018

Indiciamento de Jaques Wagner atinge um dos 'planos B' do PT

Assim como Fernando Haddad, Jaques Wagner era apontado como opção presidencial no PT caso Lula fique inelegível

Paulo Veras
Cadastrado por
Paulo Veras
Publicado em 27/02/2018 às 14:35
Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
Assim como Fernando Haddad, Jaques Wagner era apontado como opção presidencial no PT caso Lula fique inelegível - FOTO: Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
Leitura:

O indiciamento do ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) pelo suposto recebimento de R$ 82 milhões em propina na construção da Arena Fonte Nova, em Salvador, reduz as opções do PT para a campanha presidencial deste ano. Wagner era apontado como um “plano B”, caso se confirme a inelegibilidade do ex-presidente Lula (PT), condenado a 12 anos de prisão em processo da Operação Lava Jato. Há cinco dias, a deputada federal Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB, afirmou ao JC que o ex-governador “provavelmente” seria o candidato do PT ao Planalto.

Além de Wagner, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad é visto no PT como possível substituto para Lula. Em janeiro, Haddad foi indiciado pela Polícia Federal por falsidade ideológica em uma ação que investiga o recebimento de recursos na campanha municipal de 2012.

“Como meu nome começa a ser cogitado como plano B, assim como o de Haddad também foi cogitado como plano B e nele foi pau, agora comigo é a mesma coisa”, afirmou, ontem, Jaques Wagner em ato político em que confirmou sua saída do cargo de Desenvolvimento Econômico da Bahia para concorrer ao Senado.

Para Roberto Gondo, professor de Comunicação Política da Universidade Presbiteriana Makenzie, uma ala importante do PT via Jaques Wagner como um possível nome presidencial. “Com o Lula inelegível, o PT perde mais um jogador que estava fortalecido no partido. Outros caciques da sigla, como a presidente Gleisi Hoffmann, estão envolvidos na Lava Jato. O Haddad não é bem visto em muitos grupos internos do PT, mas acaba sendo uma opção mais idônea, embora tenha um desempenho eleitoral aquém do de Lula. Não descarto uma aproximação do PT para indicar um vice do Ciro Gomes”, explica.

Plano Haddad

Coordenador do programa presidencial, Haddad participou da conversa entre Lula e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), depois do Carnaval. O ex-prefeito de São Paulo também se reuniu com o ex-governador do Ceará e presidenciável Ciro Gomes (PDT) e recebeu aval de Lula para continuar conversando com partidos de esquerda sobre a disputa presidencial.

“Me parece que internamente o nome que vem sendo preparado é o de Haddad. Ele vai puxar mais votos do Sudeste, onde o PT e o Lula têm uma rejeição maior. No Nordeste, o PT já tem os governos da Bahia, Piauí e Ceará, além da liderança do Lula. Com o Jaques Wagner, o problema maior será na Bahia. Pode respingar na reeleição do governador Rui Costa e ter efeito na votação do partido no Estado”, diz o cientista político Ricardo Ismael, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Embora Lula lidere todas as pesquisas, com algo entre 33% e 36%, o PT tem dificuldade em emplacar um segundo nome. Haddad faz 3% e Wagner, 2%. Ontem, a sigla classificou a operação como “invasão” à casa do ex-governador em um episódio de “perseguição política”. “Isso reforça mais ainda a percepção no povo brasileiro de que a democracia tem que ser defendida. Não dificulta apenas a vida do PT, mas do País e do debate democrático. Não se pode fazer política com general, delegado da PF, juiz e procurador”, afirmou o presidente do PT-PE, Bruno Ribeiro.

Últimas notícias