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Diretor-geral da PF diz que Lula está na superintendência 'de visita, de favor'

"Isso não nos agrada. Nunca tivemos um preso condenado numa superintendência. É uma situação excepcional", disse Rogério Galloro

JC Online
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Publicado em 12/08/2018 às 12:00
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"Isso não nos agrada. Nunca tivemos um preso condenado numa superintendência. É uma situação excepcional", disse Rogério Galloro - FOTO: Foto: EBC
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"Foi um dos piores dias da minha vida", é o que relata em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, sobre a pressão que sofreu no sábado, 7 de abril, dia da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, o ex-presidente cumpre pena na superintendência de Curitiba. Para Galloro, o petista está lá "de visita, de favor".

"Isso não nos agrada"

"Isso não nos agrada. Nunca tivemos um preso condenado numa superintendência. É uma situação excepcional. O juiz Moro me ligou, pediu nosso apoio, ele sabe que não temos interesse nisso. Mas, em prol do bom relacionamento, nós cedemos", afirmou o diretor-geral em entrevista ao Estadão.

Durante seu tempo preso, Lula chegou a chamar dirigentes do PT para discutir, dentro da superintendência, a eleição presidencial. Questionado se isso caracteriza um tratamento diferenciado para o petista em relação à outros presos, Galloro rebate: "Não somos nós que organizamos isso (as regras para visitas), mas o juiz da Vara de Execuções Penais. O Lula está lá de visita, de favor. Nas nossas novas superintendências não vão ter mais custódia. No Paraná, não vamos mexer agora. Só depois da Lava Jato"

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Narrando os fatos ocorridos há 4 meses, ele relembra: "Quando eles (interlocutores de Lula) pediram detalhes da logística da prisão, nos convenceram de que havia interesse do ex-presidente de se entregar ainda na sexta (6 de abril, prazo dado pelo juiz Sérgio Moro)". No entanto, ao fim do dia, o petista não se apresentou.

Já no sábado, diante da exigência de Moro para que o mandado fosse logo cumprido, a pressão aumentou. Segundo Galloro, a promessa dos negociadores era de que Lula se entregaria depois do almoço, mas, novamente, isso não aconteceu. "Ele (Lula) iria sair em sigilo pelo fundo quando alguém, lá do sindicato, foi para a sacada e gritou para multidão do lado de fora, que correu para impedir a saída. Foi um susto. A multidão começou a cercá-lo e eu vi que ali poderia acontecer uma desgraça. Ele retornou", afirma.

Mais tarde, naquele mesmo dia, o diretor-geral afirma que fez contato com uma empresa de um galpão ao lado, onde haviam 30 homens do COT (Comando de Operações Táticas) prontos para invadir, se necessário. "Quando tem multidão, você não tem controle. Aquele foi o pior momento porque eu percebi que não tinha outro jeito".

Às 17h30, Galloro afirma que deu um prazo de meia hora para o negociador. Caso o ex-presidente não saísse, a PF iria entrar. Entre as exigências, os negociadores do ex-presidente "pediram para não haver muita exposição, que não humilhasse o ex-presidente, nós usamos tudo descaracterizado. Ele estava quieto o tempo todo, bastante concentrado". Às 18h, Lula saiu.

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