Dois arraesistas históricos passam a integrar esta semana a bancada pernambucana na Câmara dos Deputados. Ingressa na política pelas mãos do ex-governador Miguel Arraes, Dona Creuza (PSB) será a primeira mulher do Sertão do Estado a sentar em uma cadeira no Congresso Nacional. Com 79 anos, a salgueirense comandou três vezes a cidade e é cotada para o quarto mandato. Outro discípulo de Arraes que volta à baila é Severino Ninho (PSB), ex-prefeito de Igarassu. Tanto ele quanto Dona Creuza são filiados à legenda desde 1988, ano em que a Constituição foi promulgada.
O governador Paulo Câmara recebeu os aliados e conversou sobre os desafios que eles terão pela frente em Brasília. Vice-presidente nacional do PSB, ele pediu empenho na aprovação das emendas parlamentares para o Estado. Também entrou na pauta a escolha do novo líder do partido, cargo que está vago após a saída de Fernando Filho para o Ministério de Minas e Energia.
Com quase 80 anos, Dona Creuza será a deputada com mais idade da bancada do Estado. Assessora especial na gestão do ex-governador Eduardo Campos, ela é considerada a “Arraes de saia” por causa da forma de fazer política. Esta é a primeira vez que a sertaneja assumirá um cargo legislativo.
Questionada sobre qual seria seu posicionamento caso estivesse na Câmara na votação do impeachment, a seguidora de Arraes disse que “é muito disciplinada” e seguiria a bancada “a menos que fosse uma aberração (a proposta)”. Sobre o governo Temer, ela avalia que a formação dos ministérios foi muito “machista”. Para Creuza, seu principal compromisso será com as políticas públicas para as mulheres. “Vou lutar por mais profissionalização para mulheres, para que elas sejam cada vez mais autônomas. Não para disputar com os homens, mas para estarem ao lado deles, nem à frente e nem atrás”, afirmou.
Quanto à escolha do novo líder do PSB, Dona Creuza diz que é favorável à sucessão natural, “mas nada que nos impeça de examinar outros nomes”. Pela ordem, o deputado Tadeu Alencar é o favorito para o cargo.
Esta não é a primeira vez que Ninho assume mandato federal. Em 2011, ele ocupou a cadeira deixada por Ana Arraes, após a eleição dela para o Tribunal de Contas da União (TCU). Alçado ao posto em meio à uma das piores crises da história recente da República, Ninho diz que a expectativa é contribuir para melhorar o nível da representação na Câmara.
“São várias crises, ética, política, moral, econômica. Ela não vai se acabar com a simples troca do governo, mas a gente vai levar nossa experiência para ajudar o PSB e unificar mais a linha do partido”, disse Ninho. A expectativa, diz ele, é assumir o mandato já amanhã.
Os dois parlamentares ingressam na Câmara após a nova composição ministerial do governo federal ter sido formalizada com a participação de quatro membros da bancada pernambucana na Casa. Além dos socialistas, também se juntam à representação do Estado na Câmara os deputados Guilherme Coelho (PSDB) e Roberto Teixeira (PP).
Ex-marido de Clarice Corrêa (PP), uma das filhas do ex-deputado Pedro Corrêa (condenado no Mensalão e na Operação Lava Jato), Teixeira trilhou a trajetória política ao lado do ex-sogro. Ele também retorna à Câmara. O parlamentar é citado na Lava Jato por suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.
Segundo o doleiro Alberto Youseff, o ex-deputado recebia de R$ 30 mil a R$ 150 mil por mês da cota do PP. A reportagem do JC ligou duas vezes para o suplente, mas não conseguiu contato. Deixou recado, porém não houve retorno.