Onze pernambucanos, incluindo o ministro Roberto Freire (Cultura), que se destacou politicamente nos últimos anos pelo PPS-SP, apareceram na lista da chamada delação do fim do mundo. Desses, seis já têm inquéritos abertos por supostamente terem recebido recursos de caixa 2 da Odebrecht.
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<<< Especial da Delação do Fim do Mundo
O deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) foi acusado por dois delatores da Odebrecht – Benedicto Junior (ex-presidente da construtora do grupo) e João Antônio Pacífico Ferreira (diretor da empresa) – de ter recebido R$ 770 mil via caixa 2 para sua campanha para o governo em 2010. Na ocasião, ele foi derrotado por Eduardo Campos, que buscava a reeleição. No caso de Jarbas, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o pedido de abertura de inquérito retorne à Procuradoria Geral da República (PGR) para avaliação, devido a uma eventual prescrição da suposta irregularidade.
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Os delatores que citaram Jarbas também se referiram ao senador Fernando Bezerra Coelho (PSB). De acordo com os ex-executivos da Odebrecht, o socialista recebeu, via caixa 2, na campanha de 2010, R$ 200 mil em duas parcelas. O pagamento teria sido feito por meio do setor de Operações Estruturadas da empresa.
Já o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), será investigado pelos crimes de corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro. Sobre o tucano, recaem acusações de que teria recebido R$ 600 mil da Odebrecht para atender aos interesses da construtora no Congresso. O nome de Bruno foi citado por quatro delatores da empresa.
Rival do PSDB, o PT também teve um pernambucano incluído na lista. O senador petista Humberto Costa foi acusado de ter recebido uma propina de cerca de R$ 600 mil da Odebrecht para sua campanha ao Senado em 2010. Seis delatores citaram o pernambucano, incluindo o ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht.
Políticos do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, o deputado federal Betinho Gomes (PSDB) e o ex-prefeito Vado da Farmácia (PTB) também foram implicados na delação premiada da Odebrecht. A acusação é de que eles teriam recebido recursos ilegais para a campanha municipal de 2012 “com o objetivo de favorecer o empreendimento Reserva do Paiva”. Ex-procurador geral do Cabo e hoje vereador da cidade pelo PMN, José Feliciano de Barros Júnior também foi citado.
Entre os nomes mencionados na delação também estão o do ex-deputado federal Paulo Rubem, que integrou o PT e o PDT e hoje está no PSOL, o ex-deputado federal pelo PTB José Chaves e Pedro Eurico (PSDB), atual secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos. As petições relativas a eles serão remetidas à Justiça Federal de Pernambuco (JFPE).
Também há menções à campanha de Eduardo Campos ao governo estadual em 2010 e irregularidades nas obras do sistema Adutor de Pirapama e da Arena Pernambuco.
Citados negam desvios
Por meio de nota, todos os pernambucanos sob os quais foram abertos inquéritos no STF negaram irregularidades. O ministro Bruno Araújo disse ter mantido relação institucional com todas as empresas para as quais pediu doações legais, inclusive a Odebrecht e garantiu sempre ter atuado em prol de interesses coletivos.
O senador Fernando Bezerra Coelho disse que o socialista se mantém à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos e lembrou que nunca houve condenação em desfavor do parlamentar. O senador Humberto Costa também se colocou à disposição das autoridades e disse esperar a conclusão do inquérito aberto há dois anos no STF pelo qual a Polícia Federal já se manifestou pelo arquivamento.
O deputado Jarbas Vasconcelos disse que todo recurso recebido na sua campanha foi repassado dentro da lei e está declarado e aprovado pela Justiça Eleitoral. O deputado Betinho Gomes se disse tranquilo por saber que não fez nada ilegal e que pedirá acesso ao inquérito para saber do que está sendo acusado.
O ex-prefeito Vado da Farmácia negou ter recebido qualquer recurso ilícito em sua campanha e disse estar disposto para fazer os esclarecimentos necessários. O vereador José Feliciano disse desconhecer a acusação e afirmou que nunca gerenciou contratos com a Odebrecht, nem recebeu doações da empreiteira.
Os alvos dos pedidos que vieram para a Justiça Federal de Pernambuco ressaltaram a falta de informação. A assessoria do governo do Estado afirmou que se pronunciará sobre a Arena e Pirapama quando tiver mais informações. Pedro Eurico disse estar à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos. Paulo Rubem disse não ter recebido contribuição de empresas investigadas na Lava Jato.
O PSB e o ex-deputado José Chaves foram procurados mas não retornaram.