Para ingressar no PMDB, o senador Fernando Bezerra Coelho e o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, ambos do PSB, receberam a promessa do senador Romero Jucá (RR), presidente nacional da legenda, de que um dos dois será candidato ao governo de Pernambuco, contra o governador Paulo Câmara. A chapa dos sonhos de Jucá inclui ainda o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) e o senador Armando Monteiro Neto (PTB) na corrida pelas duas vagas ao Senado. É dado como certo no PMDB nacional que o senador vai assumir o controle do partido, no lugar do vice-governador Raul Henry, mas há uma costura para manter Jarbas no projeto da sigla. Se levar a legenda para a oposição, os Coelho tiram de Paulo Câmara seu principal aliado.
Além dos Coelho, Jucá espera levar outros três deputados federais de Pernambuco para o PMDB: João Fernando Coutinho (PSB), Marinaldo Rosendo (PSB) e Cadoca (sem partido). No grupo de Fernando, a expectativa é que os socialistas deixem o partido no mesmo momento, como uma manifestação política. Para os deputados, porém, a migração é mais difícil porque eles poderiam ficar sujeitos a uma ação de perda de mandato por parte do PSB. A janela para troca de partido acontece em março, mas há movimentos para antecipá-la para outubro.
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“Os dois aceitaram o nosso convite. Junto com eles, virão outros parlamentares do PSB, então vamos fazer ajustes no partido para recebê-los”, afirmou Jucá ao jornal Folha de S. Paulo. Entre os dissidentes dos demais estados, é possível que haja uma divisão entre os que irão para o PMDB e os que seguirão para o DEM. O próprio Fernando Filho teria preferência pelo partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), fiador da sua indicação para o ministério. Pesou pelo PMDB a sinalização pela candidatura ao Palácio do Campo das Princesas, sonho dos Coelho.
ACOMODAR JARBAS
A prioridade, no momento, é acomodar Jarbas. Fernando Bezerra Coelho tem se movimentado com cautela porque Raul não foi destituído. Além disso, o trauma de tratorar o ex-governador não seria sentido apenas em Pernambuco. Se Jarbas sair insatisfeito pode haver um movimento da ala histórica da sigla, causando um racha no País inteiro. Esse é o principal trunfo que o deputado tem a seu favor no movimento de resistência contra a intervenção no diretório estadual.
Por isso, Jucá tenta distensionar a relação. Na próxima semana, ficou acordado que ele, Jarbas e FBC vão à mesa, junto com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), responsável pelos palanques peemedebistas no Nordeste. É possível que o encontro só ocorra depois que Fernando Filho voltar a viagem presidencial à China, na terça-feira. Outra peça importante do xadrez, Raul Henry só retorna de uma missão na Ásia no próximo dia 10.
Em todo o movimento, o caso mais fácil é o de Cadoca. Ele havia sido convidado pelo presidente Michel Temer para voltar ao PMDB, mas o acerto foi suspenso depois que Jarbas e Raul Henry passaram a defender o avanço da denúncia contra o presidente com base nas delações da JBS. Expulso do PDT por votar pela reforma trabalhista do Planalto, Cadoca tem mais tempo para esperar a situação ficar mais definida. O deputado também mantém bom trânsito com o clã dos Coelho.