Diferentemente do que ocorreu pelo menos nas últimas quatro eleições estaduais - quando, em geral, despontaram no máximo três nomes com chances reais na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas -, a um ano do próximo pleito, o cenário que se desenha é de uma pulverização de opções que pode culminar na candidatura de vários nomes fortes da política pernambucana. A situação atípica, em muito causada pela crise interna que atinge parte dos grandes partidos do Estado, tem se mostrado um obstáculo para os planos de reeleição do governador Paulo Câmara (PSB).
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Herdeiro do capital político do ex-governador Eduardo Campos, Paulo viu, ao longo da sua gestão, aliados importantes deixarem a Frente Popular. Com a recente saída do senador Fernando Bezerra Coelho do PSB e subsequente filiação ao PMDB, legenda mais robusta da sua base, o socialista levou mais um duro golpe e agora vive na iminência do desembarque da sigla.
Segundo a cientista política Priscila Lapa, é natural que uma aliança tão grande quanto a formada por Eduardo (de cerca de 20 partidos, em 2014) não se mantivesse unida por tanto tempo. A estudiosa ressalta, no entanto, que faltou a Paulo habilidade política para conservar seus aliados. “Depois de tanto tempo no governo, é natural que essas distensões comecem a ocorrer. Se o governador tivesse um protagonismo maior para negociar, no entanto, talvez ele conseguisse evitar que isso ocorresse a um ano das eleições. Parece perto, mas até lá muita negociação ainda terá que ser feita”, pontuou.
Com a concretização do plano de FBC, é do próprio PMDB que deve sair um dos nomes que vai brigar com Paulo Câmara pelo governo de Pernambuco no próximo ano, a despeito do desejo do deputado federal Jarbas Vasconcelos e do vice-governador Raul Henry (ambos do PMDB). Há a possibilidade de que o próprio FBC se lance na disputa ou que indique seu filho, o ministro de Minas e Energia Fernando Bezerra Filho (PSB) para o cargo.
Antes mesmo da desfiliação de FBC do PSB, pai e filho já vinham se articulando com outros opositores do governo de Paulo em torno de um programa alternativo para o Estado. Entre os integrantes do grupo estão o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB); o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), e o senador Armando Monteiro (PTB). Resta saber se estes nomes vão apoiar a candidatura do PMDB ou vão traçar caminhos próprios em 2018.
No PSDB, por exemplo, em meio à tensão criada pela disputa pelo comando da sigla no Estado, o ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes, colocou seu nome à disposição para concorrer ao governo. Armando, que foi derrotado por Paulo em 2014, seria candidato natural para o próximo pleito, mas tem se mostrado cauteloso em relação às eleições. Analisa se entra na briga pelo Estado ou se concorre à reeleição no Senado.
PT
Representante de outra frente de oposição, o PT chegou a ventilar o nome da vereadora Marília Arraes para 2018, mas, de passagem pelo Recife, o presidente Lula mostrou-se mais inclinado a defender a retomada de uma aliança com o PSB.
“É provável que esse grupo de oposição se subdivida e, no fim das contas, os palanques fiquem divididos entre quem apoia o governo Temer e quem é contra. A gente vai ter aqueles partidos que estão no governo, como o DEM e PSDB, e aqueles que fazem oposição a ele, como o PT e seus aliados e, talvez, o PSB”, avaliou Vanuccio Pimentel, doutor em Ciência Política.