Operação Torrentes

Advogado de presos na Operação Torrentes critica prisões temporárias

Para o criminalista Ademar Rigueira, os mandados de prisão temporária são uma 'brincadeira de prender e soltar'

Editoria de Política
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Publicado em 13/11/2017 às 11:29
Foto: Igor Bione / Arquivo JC Imagem
Para o criminalista Ademar Rigueira, os mandados de prisão temporária são uma 'brincadeira de prender e soltar' - FOTO: Foto: Igor Bione / Arquivo JC Imagem
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Advogado de defesa de investigados na Operação Torrentes, o criminalista Ademar Rigueira, fez duras críticas a condução das investigação por parte da Polícia Federal em Pernambuco, principalmente no que diz respeito aos mandados de prisão temporárias. Ao todo, foram 15 mandados que tiveram como alvos 11 civis envolvidos com as empresas suspeitas de fraudar os contratos de licitação das Operações Reconstrução (2010) e Prontidão (2017), além de quatro oficiais da Casa Militar, secretaria responsável pelos contratos, ligada diretamente ao Palácio do Campo das Princesas. 

Nesta terça-feira (14) acaba o prazo dos mandados decretados no dia em que a operação foi deflagrada, na última quinta (9). Após cinco dias, a prisão temporária pode ser prorrogado por mais cinco ou ser revogado pelo juiz. Ademar Rigueira questionou a necessidade para tal modalidade de prisão, tendo em vista pessoas investigadas em outras operações que tiveram seus mandados de prisão temporária revogados. "Uma operação que remonta dos anos 2010, 2012, renovam-se os pedidos com os mesmos argumentos que o tribunal analisou como desnecessários a prisão preventiva e se decreta uma nova prisão. Ou seja, é uma brincadeira de se prender e se soltar", disparou o criminalista.

A Operação Torrentes, deflagrada pela Polícia Federal em Pernambuco em parceria com a Controladoria Geral da União (CGU), busca desarticular um esquema criminoso de desvio de recursos públicos e corrupção de servidores públicos.  A Polícia Federal investiga fraudes que podem chegar a até 30% em contratos que totalizam R$ 450 milhões para compra de comida, colchões, filtros de água e lonas de proteção para flagelados das cheias na Zona da Mata Sul do estado. 

Ricardo Padilha

Ele citou o caso do empresário Ricardo Padilha, investigado na Operação Torrentes, que havia sido preso em setembro durante a terceira fase da Operação Mata Norte, deflagrado com o objetivo de desarticular um esquema de desvio de fraude em licitação de merenda em escolas do município de Lagoa do Carro, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. "Ele mesmo foi à Polícia Federal para dizer que as empresas envolvidas apesar de algumas não estarem em seu nome, pertenciam a ele. tanto que foi decretada a preventiva e o tribunal revogou as prisões por entender desnecessárias, ele contribuiu para as investigações, não há risco à ordem pública a instrução estava ocorrendo normalmente", afirmou Rigueira. 

Defesa

Ademar Rigueira defende todas as pessoas envolvidas nas empresas de Ricardo Padilha, como Rafaela Carrazzone da Cruz Gouveia Padilha, Taciana Santos Costa, Ricardo Henrique Reis dos Santos e João Henrique dos Santos e do empresário Romero Pontual. Os dois empresários são apontados pela Polícia Federal como cabeças de dois dos cinco grupos empresariais que faziam parte do esquema. Segundo a PF, tais grupos faziam um "conluio" para direcionar os contratos de licitação e favorecer uma das empresas por certame. 

Rigueira também faz a defesa do coronel aposentado Waldemir José Vasconcelos de Araújo. Ele impetrou um pedido de habeas corpus na última sexta-feira em favor do coronel, que tinha o casamento de sua filha marcado para o sábado (11). "A prisão de tão absurda que era, o desembargador Fernando Braga concedeu uma liminar para por em liberdade o coronel". Segundo Rigueira, em 2012, Waldemir teria assinado algumas das licitações enquanto substituía o secretário da Casa Militar. "Se determinou a prisão de um coronel sem qualquer mácula na Policia Federal. São absurdo gigantescos, a Policia Federal faz esse carnaval todo, se colocou helicóptero sobrevoando o Palácio, pra que? com qual objetivo?", questionou. 

Paulo Câmara 

O governador Paulo Câmara (PSB) falou pela primeira vez, nesta segunda-feira (13), sobre a sobre a Operação Torrentes. Para o socialista, as peças acusatórias que estão sendo analisadas pelo governo não mostram onde há superfaturamento. "Se falar de superfaturamento, tem que mostrar onde está o superfaturamento, eu quero ver onde está. Se tiver vou ser o primeiro a punir, mas as peças que nós vimos não mostra claramente. Há nessa investigação um olhar sobre um grupo de empresas que poderiam ter sido favorecidas por servidores públicos e isso precisa ser apurado, mandei olhar todos os contratos, não vou admitir erro em nenhum deles. Agora, eu tenho clareza que acusar precisa ter provas, precisa estar no inquérito, estar na denúncia e isso, infelizmente, não foi visto ainda", disse.

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