Violação de liberdade religiosa

Postagem de Michelle Collins sobre Iemanjá é alvo de inquérito no MPPE

Post em que a vereadora do Recife afirmava estar orando para quebrar 'maldição de Iemanjá' já tinha sido alvo de representação contra ela na Câmara

Editoria de Política
Cadastrado por
Editoria de Política
Publicado em 14/02/2018 às 13:49
Foto: JC Imagem
Post em que a vereadora do Recife afirmava estar orando para quebrar 'maldição de Iemanjá' já tinha sido alvo de representação contra ela na Câmara - FOTO: Foto: JC Imagem
Leitura:

A polêmica postagem da vereadora do Recife Michelle Collins (PP) em que ela afirma estar orando para quebrar a "maldição de Iemanjá", orixá do Candomblé, dessa fez foi alvo de inquérito aberto pelo Ministério Público do Estado de Pernambuco. O MPPE vai apurar uma possível violação de liberdade religiosa das comunidades de terreiro que teria ocorrido durante "Noite de Intercessão no Recife" no dia 3 de fevereiro, com a participação da vereadora. 

Neste dia, Michelle, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara do Recife, publicou no seu Twitter e Facebook, respectivamente, nos dias 3 e 4 de fevereiro a mensagem: “Noite de Intercessão no Recife, orando por Pernambuco e pelo Brasil, na Orla de Boa Viagem, clamando e quebrando toda maldição de Iemanjá lançada contra nossa terra em nome de Jesus. O Brasil é do Senhor Jesus. Quem concorda e crê diz amém”. 

Na época da postagem, a vereadora esclareceu via assessoria que "em nenhum momento teve a intenção de ofender ou propagar qualquer mensagem de ódio religioso". "Todos sabem que a Missionária é veementemente contra qualquer intolerância religiosa, inclusive já deletou a postagem de suas redes sociais, diante dessa falha na elaboração do texto. A vereadora Missionária Michele Collins pede desculpas aos que se ofenderam".

O MPPE determina que a parlamentar deve comparecer à 7ª Promotoria de Justiça e Defesa da Cidadania da Capital para prestar esclarecimentos em data ainda a ser determinada. Convoca também representantes de diversas entidades, incluindo a Igreja Família 61, onde foi realizada a "Noite de Intercessão no Recife" e a Comunidade de Terreiro Azé Axé Àse Òrisànlá Tàlábí, que repudiou a declaração da vereadora. Um post no Facebook do terreiro afirma que “Iemanjá nunca amaldiçoou ninguém” e que exigem “respeito as nossas práticas, as nossas atividades e aos nosso territórios sagrados”.

Representação na Câmara

Os advogados Pedro Josephi e Danielle Portela, pré-candidata ao governo do estado pelo PSOL, entraram na última quinta-feira (8) com uma representação no Conselho de Ética da Câmara Municipal do Recife contra a vereadora. No documento, eles alegam que houve crime contra o sentimento religioso, injúria e intolerância religiosa. "A iniciativa de representar contra Michele Collins é um grito de respeito e contra o preconceito, em especial, que atinge as religiões de matriz africana. Se a Câmara ficar silente, passará uma imagem de complacência com atitudes e ações de intolerância como estas”, diz trecho da representação. 

Últimas notícias