A polêmica postagem da vereadora do Recife Michelle Collins (PP) em que ela afirma estar orando para quebrar a "maldição de Iemanjá", orixá do Candomblé, dessa fez foi alvo de inquérito aberto pelo Ministério Público do Estado de Pernambuco. O MPPE vai apurar uma possível violação de liberdade religiosa das comunidades de terreiro que teria ocorrido durante "Noite de Intercessão no Recife" no dia 3 de fevereiro, com a participação da vereadora.
Neste dia, Michelle, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara do Recife, publicou no seu Twitter e Facebook, respectivamente, nos dias 3 e 4 de fevereiro a mensagem: “Noite de Intercessão no Recife, orando por Pernambuco e pelo Brasil, na Orla de Boa Viagem, clamando e quebrando toda maldição de Iemanjá lançada contra nossa terra em nome de Jesus. O Brasil é do Senhor Jesus. Quem concorda e crê diz amém”.
Na época da postagem, a vereadora esclareceu via assessoria que "em nenhum momento teve a intenção de ofender ou propagar qualquer mensagem de ódio religioso". "Todos sabem que a Missionária é veementemente contra qualquer intolerância religiosa, inclusive já deletou a postagem de suas redes sociais, diante dessa falha na elaboração do texto. A vereadora Missionária Michele Collins pede desculpas aos que se ofenderam".
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O MPPE determina que a parlamentar deve comparecer à 7ª Promotoria de Justiça e Defesa da Cidadania da Capital para prestar esclarecimentos em data ainda a ser determinada. Convoca também representantes de diversas entidades, incluindo a Igreja Família 61, onde foi realizada a "Noite de Intercessão no Recife" e a Comunidade de Terreiro Azé Axé Àse Òrisànlá Tàlábí, que repudiou a declaração da vereadora. Um post no Facebook do terreiro afirma que “Iemanjá nunca amaldiçoou ninguém” e que exigem “respeito as nossas práticas, as nossas atividades e aos nosso territórios sagrados”.
Representação na Câmara
Os advogados Pedro Josephi e Danielle Portela, pré-candidata ao governo do estado pelo PSOL, entraram na última quinta-feira (8) com uma representação no Conselho de Ética da Câmara Municipal do Recife contra a vereadora. No documento, eles alegam que houve crime contra o sentimento religioso, injúria e intolerância religiosa. "A iniciativa de representar contra Michele Collins é um grito de respeito e contra o preconceito, em especial, que atinge as religiões de matriz africana. Se a Câmara ficar silente, passará uma imagem de complacência com atitudes e ações de intolerância como estas”, diz trecho da representação.