ESTRADAS

O que querem os caminhoneiros? Por que há novos bloqueios em estradas?

No Grande Recife, desde a noite da quarta e já na manhã desta quinta-feira, há registros de longas filas em postos de abastecimento de combustíveis.

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José Matheus Santos

Publicado em 09/09/2021 às 7:31 | Atualizado em 09/09/2021 às 11:33
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O novo movimento de parte dos caminhoneiros ocorre com bloqueio em estradas federais de 16 estados, incluindo em Pernambuco, com dois pontos de retenção.

As manifestações começaram um dia depois dos atos de 7 de Setembro, em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ameaçou o Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que não irá cumprir decisões do ministro Alexandre de Moraes. As falas de Bolsonaro atentam contra a Constituição. Pela Carta Magna, nenhum brasileiro pode se recusar a descumprir determinações da Justiça.

Em Pernambuco, houve registro de bloqueio na BR-101 Norte, em Igarassu, no Grande Recife. O local foi liberado por volta das 08h20. Além disso, por volta das 07h28 desta quarta-feira, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que a BR-408, em Paudalho, na Zona da Mata, foi totalmente liberada pelos caminhoneiros.

Em um movimento iniciado nas estradas nesta quarta, os caminhoneiros protestam contra a alta dos combustíveis, sobretudo o diesel, o derivado de petróleo utilizado os veículos dirigidos pela categoria, e são a favor do voto impresso, que foi rejeitado em agosto pelo plenário da Câmara dos Deputados.

O voto impresso é uma das bandeiras do presidente Jair Bolsonaro. Ele alegou diversas vezes que, sem o modelo, poderá não haver votação nas eleições de 2022 e que, se houver, haveria possibilidades de fraudes. O chefe do Executivo chegou a mencionar supostas possibilidades de fraudes em eleições anteriores, mas confessou não ter provas.

De acordo com lideranças dos caminhoneiros, que não endossam os protestos dos caminhoneiros, as paralisações são organizada por grupos que apoiam o governo.

Há três anos, durante o governo de Michel Temer (MDB), as manifestações dos caminhoneiros eram contra os reajustes do diesel. Na ocasião, a intermediação inicial para resolver a greve partiu do então governador de São Paulo, Márcio França (PSB).

No Grande Recife, desde a noite da quarta e já na manhã desta quinta-feira, há registros de longas filas em postos de abastecimento de combustíveis. Os motoristas e motociclistas temem o desabastecimento.

A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que diz congregar 4.000 empresas do setor, disse em nota que as paralisações poderão causar sérios transtornos, com graves consequências para o abastecimento de produtos, incluindo alimentos, medicamentos e combustíveis. Entidades representativas de caminhoneiros autônomos dizem não apoiar os protestos.

Um dos líderes da greve, Francisco Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, pretendia entregar nesta quarta um documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pedindo a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). "O povo brasileiro não aguenta mais a forma impositiva que STF vem se posicionando. O povo brasileiro está aqui (Esplanada dos Ministérios) buscando solução e só vamos sair daqui com solução na mão", disse Chicão, que preside União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), em vídeo que circula pelas redes sociais.

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