INTERDIÇÕES

Tudo o que se sabe sobre os bloqueios dos caminhoneiros bolsonaristas nas estradas do Brasil

Os bloqueios começaram durante as manifestações do 7 de Setembro convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro

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Estadão Conteúdo, Douglas Hacknen, Adige Silva

Publicado em 09/09/2021 às 0:59 | Atualizado em 09/09/2021 às 11:35
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Atualizado em 09.09.21, às 11h34
Caminhoneiros realizam bloqueios em diversos estados. Em Pernambuco, nesta quarta-feira (8), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou dois pontos de interdição em rodovias federais: BR-101 e BR-408, em Igarassu, no Grande Recife e em Paudalho, na Zona da Mata, respectivamente. As mobilizações da categoria no País começaram durante as manifestações do 7 de setembro, convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro. Veja tudo o que se sabe sobre o movimento:

Mobilizações em Pernambuco

Caminhoneiros voltaram a bloquear o quilômetro 43 da BR-101 na cidade de Igarassu. A Polícia Rodoviária Federal informou que o ato, até as 23h30, seguia de forma pacífica. A primeira interdição da rodovia foi iniciada às 16h30 e encerrada às 19h15. 

A BR-408, em Paudalho, na Zona da Mata, foi interditada na noite desta quarta-feira (8). Um grupo de caminhoneiros fechou a via no quilômetro 83. De acordo com a PRF, a manifestação reuniu cerca de 50 pessoas. Eles atearam fogo em pneus e fecharam a rodovia no sentido Recife/Carpina. Até 23h53, a pista seguia parcialmente bloqueada. Carros de passeio, veículos de emergência e caminhões com cargas perecíveis estavam conseguindo passar.

Por volta das 7h55 desta quinta-feira (9), os trechos interditados foram liberados pelos manifestantes.

Apelo de Bolsonaro

Em um áudio divulgado nesta quarta-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu aos caminhoneiros que encerrem os bloqueios nas estradas do País. Na gravação, enviada ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, ele diz que a interdição de rodovias provoca "desabastecimento, inflação e prejudica todo mundo, em especial, os mais pobres".

"Fala para os caminhoneiros aí, que são nossos aliados, mas esses bloqueios atrapalham a nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação e prejudica todo mundo, em especial, os mais pobres. Então, dá um toque no caras aí, se for possível, para liberar, tá ok? Para a gente seguir a normalidade. Deixa com a gente em Brasília aqui e agora. Mas não é fácil negociar e conversar por aqui com autoridades. Não é fácil. Mas a gente vai fazer a nossa parte aqui e vamos buscar uma solução para isso, tá ok? E aproveita, em meu nome, dá um abraço em todos os caminhoneiros. Valeu", diz o presidente. 

Ouça o apelo de Bolsonaro aos caminhoneiros:

Situação no Brasil

Nesta quarta-feira (8), havia pontos de concentração de caminhoneiros em estados como Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro e São Paulo, além de Pernambuco.

A pauta do movimento

A NTC&Logística, que diz congregar cerca de 4.000 empresas de transporte associadas direta e indiretamente e mais de 50 entidades patronais, afirmou que a movimentação é de natureza política e está dissociada das bandeiras e reivindicações da categoria de caminhoneiros autônomos.

As mobilizações da categoria começaram durante as manifestações do 7 de setembro, convocadas pelo presidente Bolsonaro. Um dos líderes do movimento intitulado de Caminhoneiros Patriotas, Francisco Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, disse que entregará um documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pedindo a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). "O povo brasileiro não aguenta mais esse momento que País está atravessando através da forma impositiva que STF vem se posicionando. O povo brasileiro está aqui (na Esplanada dos Ministérios) buscando solução e só vamos sair daqui com solução na mão", disse Chicão, que preside União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), em vídeo que circula pelas redes sociais.
A paralisação não é uma decisão unânime da categoria. Entidades que representam caminhoneiros autônomos e que chamam mobilizações a favor de demandas específicas da categoria não aderiram aos atos. Na semana passada, representantes da categoria já consideravam que poderia haver a presença pontual de transportadores nos movimentos, mas de forma isolada, sem organização associativa.
 A Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), a Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB), a Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Carga em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens-SP), o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP) e o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam) informaram que não apoiam a paralisação e não estão participando dos atos, assim como a NTC&Logística.

O presidente da Abrava, Wallace Landim, conhecido como Chorão, avalia que o movimento é de cunho político com participação de empresários de transporte e seus funcionários celetistas, e não de transportadores autônomos. "Os caminhoneiros estão sendo usados como massa de manobra. Existe um movimento com interesse de empresas e do agronegócio atrás do financiamento desses atos. Está claro que a pauta não é da categoria", disse Chorão. De acordo com ele, uma greve geral neste momento seria prejudicial às atividades dos autônomos. "Uma paralisação nesse momento tiraria vários transportadores do ramo e ainda em uma pauta política seria prejudicial à categoria. Muitos motoristas não conseguiriam parar 10 a 15 dias", afirmou Chorão, que foi um dos principais líderes da categoria na greve de 2018.

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