Equipamento terá 1,4 quilômetro e será unidrecional. Está sendo construído sobre o canteiro central. Fotos: Brenda Alcântara/JC Imagem
A futura Ciclovia Mário Melo, em Santo Amaro, área central do Recife, está sendo construída sobre o canteiro central das vias que a compõem: Avenida Mário Melo e Rua dos Palmares. O avanço do equipamento sobre a via de tráfego de veículos será mínimo, de apenas 50 centímetros em cada sentido. Ou seja, apesar dos dois anos de espera desde que a estrutura foi prometida oficialmente pela prefeitura, não haverá qualquer impacto sobre a circulação dos automóveis nas vias. Até mesmo o estacionamento de veículos do lado direito da Mário Melo será mantido pelo município. A previsão é de que o equipamento seja concluído até o início de julho, ao custo de R$ 650 mil.
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A construção da ciclovia foi uma solução encontrada pela prefeitura para evitar impactar na circulação de veículos. O projeto pensando originalmente, ainda em julho de 2017, previa uma ciclofaixa (quando a proteção é feita apenas com tachões) a ser implantada margeando o canteiro central e, assim, ocupando parte das faixas dos carros. Mas menos de um ano depois, o município informou que construiria uma ciclovia – equipamento que oferece mais segurança ao ciclista por ter separação física do tráfego. Mas não divulgou que ela ocuparia o canteiro central. Levantamento deste ano realizado pela Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) mostrou que pelas duas vias (Mário Melo e Palmares) circulam 1.960 ciclistas por dia, 43% a mais do que circulavam em 2016, quando foi feita a primeira contagem.
“Não vamos reclamar de uma ciclovia dessas porque é uma vitória conseguir algo que pedimos desde 2012. E ainda é um equipamento arborizado. Mas, infelizmente, a Prefeitura do Recife continua com receio de tirar espaço do automóvel. E quem paga por isso são os ciclistas e os pedestres. Tivemos acesso ao projeto porque pedimos oficialmente, mas em nenhum momento a associação foi ouvida. Aliás, não existe mais diálogo com o município”, afirma Daniel Valença, da coordenação da Ameciclo. Os cicloativistas reclamam, também, que a ciclovia poderia ter continuidade até a Avenida Agamenon Magalhães, mesmo que fosse como ciclofaixa. Representaria um acréscimo de aproximadamente 500 metros no percurso ao custo de tachões e sinalização horizontal.
A ciclovia Mário Melo será unidirecional (sentido único) em quase toda sua extensão, com faixas de cada um dos lados do canteiro central das vias que compõem o equipamento. Mas terá, sim, trechos bidirecionais, ou seja, de mão dupla. Eles totalizam aproximadamente 300 metros dos 1,4 quilômetro de extensão que a ciclovia terá em cada sentido.
Nenhum representante da Prefeitura do Recife falou sobre o projeto com a reportagem, tudo foi informado por email. Mas o município garantiu que os pedestres não serão prejudicados com a perda do canteiro central porque o equipamento era utilizado apenas como passagem. Ao contrário, que está requalificando 800 metros de calçadas. “O canteiro central continuará sendo usado como área de transição para a travessia dos pedestres. Além das travessias existentes na altura da Rua da Aurora, Avenida Cruz Cabugá e Rua Treze de Maio, outras duas passagens serão implantadas na altura das Ruas do Pombal e da Fundição”, diz em nota.
O município também informou estar requalificando 800 metros de calçadas na Avenida Mário Melo e outros 540 metros na Rua João Lira, via paralela à primeira. Os passeios públicos estão sendo contemplados com pavimentação em materiais antiderrapantes, pisos táteis, sinalizadores e direcionais, além de rampas de acesso. A intervenção faz parte do Calçada Legal, projeto municipal que prevê a requalificação de 134 km de calçadas até o fim de 2020, ao custo de R$ 105 milhões.
Nas ruas, as pessoas fazem observações pontuais sobre equívocos do projeto, mas de forma geral comemoram. “Quanto mais estrutura para a gente pedalar, melhor. Agora, é preciso manter. Não é só fazer a abandonar, como é comum a gente ver”, afirma Eduardo Santos, auxiliar de serviços gerais. “Comecei a usar a bicicleta com mais frequência agora e acho que essa ciclovia será maravilhosa. O projeto é bom e vai nos dar segurança. Mas o que precisamos mesmo é de educação”, diz o estudante de turismo César Augusto Santos.