O brasileiro gasta muito dinheiro com o transporte, embora não planeje nem faça ideia desse custo, faz cada vez mais integrações entre diferentes modais, e está saturado do automóvel. Demonstra vontade de encontrar outras formas de deslocamento além do carro, não só devido aos congestionamentos, mas principalmente pelo custo. Acha que gasta, em média, R$ 211 por mês (21% do salário mínimo) para se deslocar, mas na verdade esse custo é muito maior, podendo aumentar em até seis vezes conforme a classe social. Quando ele é proprietário de um automóvel, por exemplo, o valor chega quase à estratosfera: R$ 2,5 mil por mês e R$ 30 mil por ano.
Essas são algumas das conclusões de uma pesquisa sobre o comportamento e a percepção do brasileiro em relação à mobilidade urbana, realizada pela empresa de aplicativo de transporte privado de passageiros 99, em parceria com o Instituto Ipsos, uma das maiores empresas de pesquisa e de inteligência de mercado do mundo, fundada na Fraça e presente em 87 países no mundo, entre eles o Brasil. O levantamento foi realizado com 1.500 pessoas maiores de 18 anos, em 70 cidades das cinco regiões do Brasil, entre 29 de abril e 8 de maio de 2019.
A pesquisa mostra que o transporte é algo impactante na vida das pessoas. Os congestionamentos fazem parte da rotina de 70% dos entrevistados. São muitos sinais de que o brasileiro precisa de alternativas para se deslocar. Por isso é importante ter informação para planejar a melhor combinação de modais para se locomover. Entre os tradicionais e emergentes, públicos e privados", Pâmela Vaiano, diretora de Relações Públicas da 99
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Enquanto cada entrevistado estimou gastar, em média, R$ 211 por mês com o deslocamento diário no transporte - o equivalente a até 5% da renda - , o custo médio calculado na pesquisa mostrou que esse valor é bem diferente conforme a classe social. Chega a R$ 446/mês na classe A, R$ 302/mês na classe B, R$ 181/mês na classe C e R$ 158 nas classes D/E. O prejuízo é ainda maior para aqueles que têm carro. Enquanto estimaram gastar uma média de R$ 357/mês - porque calcularam apenas a gasolina -, o estudo mostrou que, incluindo todos os custos imbutidos no uso do automóvel (financiamento, seguro, IPVA, licenciamento, manutenção, multas, pedágios, lavagens, estacionamento e gasolina), esse valor chega a R$ 2.534,31/mês e R$ 30.411/ano para a classe B e R$ 2.471,33/mês e R$ 29.656/ano para a classe C.
"A pesquisa mostra que o transporte é algo impactante na vida das pessoas. Que quatro entre cada dez acham que se locomover no Brasil é difícil ou muito difícil. Além do custo, revela que as pessoas fazem uma média de 2,4 viagens por dia e que gastam 2h nesse deslocamento. São 773 horas gastas no trânsito. Os congestionamentos fazem parte da rotina de 70% dos entrevistados. São muitos sinais de que o brasileiro precisa de alternativas para se deslocar. Por isso é importante ter informação para planejar a melhor combinação de modais para se locomover. Entre os tradicionais e emergentes, públicos e privados", pontua Pâmela Vaiano, diretora de Relações Públicas da 99.
Em Pernambuco, as cidades que receberam as entrevistas foram o Recife, Jaboatão dos Guararapes (Região Metropolitana) e Timbaúba, município da Zona da Mata Norte (a 99 e a Ipsos não explicaram os critérios de escolha das cidades). Os resultados da pesquisa foram apresentados durante o Summity Mobilidade Urbana 2019, realizado nesta quinta-feira (30/5), em São Paulo.
INTEGRAÇÃO DE MODAIS É O CAMINHO
A integração de modais de transporte cresce cada vez mais. Segundo a pesquisa, não há mais uso único do ônibus, do metrô, da caminhada ou do aplicativo, por exemplo. O brasileiro costuma pegar três modais diferentes de transporte durante a semana. Entre os que usam os apps, 74% caminharam pelo menos 500 metros, 62% usaram o ônibus e 55% vieram do automóvel como motorista ou passageiro.
DESAPEGO DO CARRO
Para colaborar com mudanças na mobilidade urbana a pesquisa mostra que há uma disposição de parte da sociedade para diminuir o uso do automóvel, substituindo-o por outro meio de transporte. 21% disseram que sim, mudariam. E o ônibus e a bicicleta aparecem em destaque (24% 22% respectivamente). E a principal razão para ter vontade de trocar é a economia. Reflexo de um movimento que já vem sendo percebido e ratificado por dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), que registrou uma queda de 30% no número de novas CNHs nos últimos três ano. O Blog MoveCidade foi convidado a cobrir o evento.
Pesquisa foi apresentada durante o Summit Mobilidade Urbana 2019, realizado em São Paulo