Passagens de ônibus do Grande Recife não serão reajustadas em 2020

Publicado em 16/01/2020 às 19:19 | Atualizado em 08/05/2020 às 13:33
Governador Paulo Câmara anunciou que não irá aumentar as passagens este ano. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
FOTO: Governador Paulo Câmara anunciou que não irá aumentar as passagens este ano. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Governador Paulo Câmara anunciou que não irá aumentar as passagens este ano. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

As passagens de ônibus da Região Metropolitana do Recife não serão reajustadas este ano. Essa é a proposta do governo de Pernambuco que será defendida no Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), colegiado onde o Estado tem maioria e que geralmente valida o que o Executivo estadual defende. O governador Paulo Câmara (PSB) repete a mesma estratégia de 2018, ano em que disputava a reeleição, e quando também não majorou as tarifas. O setor empresarial – que defendia o reajuste de 14,13%, elevando o Anel A (utilizado por 80% dos passageiros do sistema) de R$ 3,45 para R$ 3,90 – ficou indignado com a proposta, mas não quis se posicionar oficialmente.

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A estratégia do governo é lançar até o fim de janeiro um pacote de ações para organizar e moralizar o Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP), que transporta 1,8 milhão de pessoas e realiza 26 mil viagens por dia. Nesse pacote estão previstas ações de responsabilidade do Estado – gestor do sistema: segurança nos 2.700 ônibus atualmente em operação, terminais e corredores; combate à evasão no sistema, que hoje ultrapassa os 10%, e ordenamento dos 26 terminais integrados existentes. Além disso, o governo também terá que financiar via subsídio a refrigeração da frota de ônibus, determinada por lei sancionada no fim de 2019 e que prevê um acréscimo de R$ 0,05 no valor atual da tarifa dos ônibus. O governo garante que o subsídio de R$ 250 milhões/ano que vem sendo injetado no sistema nos últimos três anos não será reduzido.

 

A PROPOSTA DE AUMENTO DEFENDIDA PELO SETOR EMPRESARIAL

Na decisão, o governador Paulo Câmara aproveitou para dar uma alfinetada no governo federal, que vem contingenciando os recursos para o Metrô do Recife ao mesmo tempo em que autorizou um aumento da tarifa do sistema superior a 80%. “Não vamos agir como o governo federal, que fez vários reajustes na passagem do metrô e nenhuma contrapartida na melhoria do serviço”, registrou.

Segundo Paulo Câmara, o Estado quer discutir este ano melhorias para o sistema de ônibus. “O que vamos discutir este ano são as melhorias do sistema e não reajuste. Enquanto não tivermos avanços concretos no transporte público, não falaremos em aumento da tarifa. Até o fim de janeiro vamos lançar um plano de investimentos onde faremos a nossa parte com melhorias nos terminais, na segurança e na fiscalização”, disse.

O governador voltou a ser duro com o setor empresarial. “O setor precisa de uma repactuação, com metas que sejam cumpridas pelos empresários. O governo fará a sua parte. Sem abrir mão de direitos adquiridos pela população.  O Passe Livre – que garantimos aos estudantes - será mantido, o Transporte Complementar Gratuito também continuará valendo e manteremos o subsídio ao diesel, porque é decisivo para que o sistema não entre em colapso", pontuou. Com a decisão, as passagens da RMR permanecerão R$ 3,45, no Anel A, R$ 4,70, no Anel B, e R$ 2,25, no Anel G.

 

Reajuste de mais de 80% das passagens do Metrô do Recife e o sucateamento do sistema foram usados como argumento pelo governador. Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem

A decisão do governador Paulo Câmara de adotar o aumento zero mais uma vez acontece três dias depois de o Estado ser duro como nunca havia sido com o setor empresarial. Horas depois de o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE) defender o reajuste de 14,13% das tarifas, o governo divulgou uma nota em que chamou a proposta de inaceitável, ao ponto de dar “uma bronca” nos empresários. Para defender o reajuste, o Urbana-PE alegou estar considerando os principais insumos que pesam – combustível, veículo e pessoal –, e acrescentado a esse cálculo a queda de demanda prevista, que foi de 4% ao ano. “Se não considerarmos a perda de passageiros, defenderíamos que o anel A fosse para R$ 3,75%. Mas sabemos que a demanda tem caído ano a ano”, argumentou na segunda-feira Fernando Bandeira, presidente do Urbana-PE.

Os empresários, inclusive, condicionaram o realinhamento à entrada em vigor da lei que determina a refrigeração da frota. “A lei é clara: após seis meses do reajuste de R$ 0,05 relativos à refrigeração, é que a troca da frota deve começar e seguir o cronograma anual. Sem esse recurso não tem como haver a renovação com os veículos refrigerados”, disse no mesmo dia. Pela nova lei, toda a frota de ônibus do STPP/RMR deverá ser renovada e refrigerada nos próximos quatro anos. Em 2020 seriam 495 ônibus, sendo 346 novos e refrigerados

A expectativa era de que o governo do Estado levasse para a próxima reunião do CSTM – ainda não convocada, vale ressaltar – um aumento entre R$ 0,20 e R$ 0,25 e, não, os R$ 0,45 proposto pelos empresários. Mas agora o Estado levará o reajuste zero.

 

 

Situação do Corredor de BRT Norte-Sul é um dos inúmeros problemas do setor de transporte da RMR. Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem

 

Reajuste do ano passado foi de 7,07%

No ano passado, as passagens de ônibus foram reajustadas em 7,07%, proposta sugerida pelo governo do Estado. Com a decisão, as tarifas do Anel A e B passaram de R$ 3,20 e R$4,40 para R$ 3,45 e R$ 4,70 respectivamente. O reajuste começou a valer no dia 2 de março. As linhas do Anel D foram transferidas para o Anel A; o Anel G passou de R$ 2,10 para R$ 2,25. Em 2018, ano da disputa pela reeleição da atual gestão, não foi dado aumento.

Em 2017, apesar do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) ter proposto um aumento de 33,93%, o martelo foi batido para o valor de R$ 3,20 para o anel A, o equivalente a um reajuste de 14,26%, tendo em visto a tarifa anterior, que custava R$ 2,80. Na época, o governador Paulo Câmara (PSB) afirmou que a tarifa única a R$ 2,15 foi exemplo na época da campanha e que trabalharia para implantar o modelo, complementando que faltava dinheiro para o subsídio.

No ano anterior, 2016, foi aprovado um reajuste de 14,42% nas tarifas. Com o realinhamento de preços, o anel B passou de R$ 3,35 para R$ 3,85, o D foi de R$ 2,60 para R$ 3 e o G, deixou de ser R$ 1,60 e para custar R$ 1,85. Em 2015, o Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), decidiu a favor de um aumento de 12,93% nos preços das passagens. A reunião do CMTU ainda não tem data para acontecer.

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