É muito fácil, depois da conquista do Sport conquistar o título da Copa do Nordeste, fazer rasgados elogios ao técnico Eduardo Baptista. Afinal, vencer é o céu. Tudo se torna bom. Tudo é uma maravilha. Mas, se por acaso, na partida contra o Ceará, o Leão perde o título nos pênaltis? Nada prestaria: a escalação não estaria certa, as mudanças também, que o treinador não teria condições de comandar o Sport.
Futebol é assim. Cruel. Quem está em campo deve estar preparado para viver o céu e o inferno em apenas um estalar dos dedos. Treinador vive essa situação de uma maneira ainda mais forte. Enfim, é fácil elogiar na glória. Como também é fácil criticar na desgraça. Difícil mesmo é ter convicção num trabalho, apostar num profissional jovem que está iniciando a carreira e louco para mostrar serviço.
Quando Eduardo Baptista foi efetivado como técnico do Sport, a própria diretoria do Leão não tinha essa convicção. Dias antes, os dirigentes haviam praticamente acertado com Márcio Araújo, que estava dois anos desempregado. Como houve uma alta rejeição e não havia opção no mercado, Eduardo foi efetivado. Como os resultados positivos vieram, ele foi ganhando moral e ficando. Mas bastava um tropeço para as redes sociais pipocarem de questionamentos sobre o seu trabalho.
No Náutico, Lisca vive situação semelhante. Seu trabalho é questionado porque não tem um nome conhecido no mercado. Está apenas lutando por um lugar ao sol. A diretoria do Náutico o contratou após uma conversa com o próprio técnico. Diante das dificuldades que está encontrando, o treinador conseguiu fazer uma equipe competitiva, mas está longe de conquistar a confiança do seu torcedor. Mais do que qualquer outro treinador do Estado, Lisca está sempre ameaçado. Sua situação só não está pior porque já venceu o Sport três vezes e o Náutico está vivo na luta pelo título pernambucano.
Nesse comentário, não incluo Vica, técnico do Santa Cruz. Isso porque, quando chegou no Arruda, Vica já era conhecido do torcedor pernambucano pelo fato de ter feito bom trabalho no Asa de Arapiraca. Em outras situações, seu nome já foi lembrado por dirigentes e torcedores. Como tinha nas mãos um grupo já armado durante a disputa da Série C e conseguiu o título nacional, sua vida ficou mais tranquila. Mas não tão tranquila assim. Afinal, quando os tropeços aconteceram na atual temporada, muita gente andou pedindo a sua cabeça.
Acho que os treinadores dos clubes da capital pernambucana estão fazendo bons trabalhos. Estamo mostrando o seu valor. Mas vão sempre precisar mostrar o algo a mais pelo simples fato de ainda não terem emplacado seus nomes no cenário nacional. Afinal, existe essa cobrança por "nomes de peso" por parte da imprensa e torcida. Não há uma busca pelo novo, pelo diferente. Ser ousado, muitas vezes, faz bem ao futebol. E acima de tudo, ter convicção no que está se propondo a fazer. E estar preparado para ouvir as criticas que vão surgir quando se age dessa forma.