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Givanildo encerra a carreira de técnico, foca gestão do Santa Cruz e vira até garoto-propaganda

Após 39 anos dedicados a vida de treinador de futebol, Rei do Acesso, como é conhecido, diz que encerrou o ciclo e revela mágoa no futebol: "Fui discriminado por ser nordestino"

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Marcelo Cavalcante

Publicado em 01/07/2021 às 21:02
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Ao assumir o cargo de executivo do Santa Cruz, Givanildo Oliveira surpreendeu o cenário do futebol pernambucano. Sem treinar um clube há bastante tempo, o Rei do Acesso ainda esperava por uma proposta de comandar alguma equipe na beira do gramado. Ao se tornar uma espécie de gestor, trabalhando nos bastidores do clube que o revelou na década de 60, muitos imaginaram que, rapidamente, ele seria técnico da equipe na disputa da Série C. Mas ser técnico não está mais nos seus planos. Em entrevista concedida ao programa Fórum Esportivo, da Rádio Jornal, Givanildo Oliveira revelou que deu ponto final a sua carreira de técnico e que, agora, seu foco é trabalhar na gestão do futebol tricolor. Mudanças de função, de estilo de vida ao ponto de aceitar convite para fazer comercial de TV.

"Foi um convite que eu recebi do presidente do Santa Cruz, Joaquim Bezerra, através de Alexandre Mirinda e Romerito Jatobá (ex-presidentes). Eu já não queria ser treinador, pois havia dado um prazo e não havia aparecido nenhum clube. Quando me ligaram, falei que ia conversar para saber o que eles queriam e também para ver se eu podia ajudar, e não atrapalhar. Acertei e estou gostando muito dessa nova função. Espero que siga por mais anos", declarou. "Se acontecesse de alguém vir me procurar
para assumir o comando técnico da equipe, eu já iria dizer: pode procurar outro. Eu vim aqui para outra função e vou seguir até o final", completou.

Givanildo Oliveira coloca ponto final numa carreira que durou 38 anos e repleta de conquistas. Foram 18 títulos estaduais. Só em Pernambuco, levantou a taça quatro vezes pelo Sport (1991, 1992, 1994 e 2010) e uma vez pelo Santa Cruz (2005). Acessos de divisão do Campeonato Brasileiro também foi sua especialidade. Foram seis, no total. Sempre se declarou apaixonado pelo ofício. Mesmo gostando demais de estar na beira do gramdo para orientar seus comandados, Givanildo encarou com naturalidade
para encerrar um ciclo e abrir outro.

Foi assim também quando resolveu encerrar a carreira de jogador, em 1983, quando era capitão do time do Sport. Após uma partida do Leão contra o São Paulo, no Morumbi, Givanildo foi eleito como um dos grandes destaques em campo pela imprensa paulista. No avião, de volta ao Recife, a diretoria perguntou se ele poderia comandar a equipe na partida seguinte do Campeonato Brasileiro, contra o CSA-AL, na Ilha do Retiro. Givanildo topou de imediato e deixou os gramados. Agora, após um convite de dirigentes corais, ele vira a chave e se torna gestor. "Se o treinador, no caso Roberto Fernandes, me perguntar sobre escalação, tudo bem, eu falo. Mas para que eu tome a iniciativa, não. Não estou mais no Santa Cruz para isso. ", disse.

Durante toda sua carreira, Givanildo colheu muitas alegrias. Mas ele guarda uma mágoa: nunca ter oportunidade de treinar um clube de ponta do Brasil, um dos seus maiores sonhos. "Nunca sonhei em ser técnico da seleção brasileira porque fui banalizado. Eu treinei um Corinthians? Treinei um Palmeiras? Treinei um Fluminense? Um Flamengo? Nunca me convidaram. Isso é discriminação. É uma palavra que eu uso até o dia em que eu morrer. Não fui contratado por ser nordestino. Bato no peito e disso isso", afirmou durante a entrevista do Fórum Esportivo. Givanildo Oliveira fez críticas também ao VAR no Brasil. "É uma porcaria. Não existe ficar quatro ou cinco minutos para tomar uma decisão", alfinetou. E também não aprova o trabalho do técnico Tite: "Não gosto".

Com mais tempo para curtir a família e a cidade, Givanildo Oliveira também aproveita para experimentar novas experiências. Recentemente, o ex-técnico brilha numa propaganda de loteria virtual. No comercial, ele aparece sentado num sofá, de forma descontraída, mexendo no celular e.... sorrindo. "Ah, foi outro convite do Alexandre Mirinda, que é meu amigo. Ele me convidou e eu aceitei. Estou sem fazer nada, então vamos lá. Foi divertido. Foram dois dias de gravação. Faltou até paciência, pois era grava e corta. Mas, no final, deu tudo certo", contou.

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