HISTÓRIAS DO FUTEBOL

Adilson, dono de um "foguete no pé" que fez história no Náutico

Em 2001, volante fez golaço sobre o Sport que serviu de arrancada para conquista do Estadual

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Marcelo Cavalcante

Publicado em 12/09/2021 às 10:35
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O ano de 2001 foi especial para a torcida do Náutico. Uma temporada de ressurgimento. Após um período de amarga crise, sem dinheiro e sem título, o Timbu foi campeão pernambucano no ano do seu centenário. E mais: conseguiu estancar o sonho do rival Sport em ser hexacampeão pernambucano, feito exclusivo do Náutico. E tudo isso passou pelos pés de um volante que pode ser considerado um herói low profile. O volante Adilson não tinha os holofotes da mídia quando o Náutico entrava em campo. Mas foi dele o gol que serviu de arrancada do Timbu para o título.

Impossível para Adilson esquecer aquele clássico contra o Sport, na Ilha do Retiro, na noite de 16 de maio. O Náutico vivia uma turbulência incrível. Duas rodadas antes do duelo diante do Leão, o Timbu havia perdido em casa para o Ferroviário, por 1x0, pelo Estadual. Foi a gota d'água para a diretoria do Náutico, que demitiu o técnico Júlio Espinosa. O treinador já vinha balançando no cargo desde a derrota para o Sport, nos Aflitos, por 1x0, em abril e que causou a eliminação do time na Copa do Nordeste. Os cartolas alvirrubros trouxeram Muricy Ramalho, que vivia ostracismo na Portuguesa Santista.

"Era uma partida difícil. A estreia de Muricy Ramalho no banco de reservas, o Sport com uma equipe forte", destaca. O volante começou aquela partida no banco de reservas. De lá viu o titular Marcelo Fernandes ser expulso. Ainda era o primeiro tempo de partida. O placar marcava 1x1."Muricy já pensava em me colocar na partida no lugar do próprio Marcelo Fernandes, mas com a sua expulsão, acabei entrando no lugar do atacante Alberto, para reforçar a marcação", relembra o ex-volante. Adilson fez o seu papel em campo, mas não passava pela sua cabeça era que seria o grande herói do clássico. A falta foi marcada na intermediária para o Náutico. Longe do gol defendido pelo rubro-negro Neneca (o titular Zetti havia sido vetado para o jogo). Adilson não quis saber se estava longe ou perto. Foi para a bola. E mandou o que os mais antigos chamam de "pombo sem asa" no ângulo, sem chances de defesa.

"Foi uma alegria enorme. Eu sempre treinava falta com os companheiros e estava preparado. Lembro que o goleiro do Sport havia posicionado quatro atletas para a barreira. Ele esperava que eu chutasse por dentro dela. Mas não foi isso que fiz. Bati com força e a bola foi por fora. E entrou no ângulo", conta sem esconder a emoção que essa memória traz.

Muitos alvirrubros pensam que aquela vitória sobre o Sport tenha acabado com o sonho do Leão em conquistar o hexacampeonato. Não foi bem assim. O duelo aconteceu ainda no primeiro turno do Campeonato Pernambucano. Ainda haveria todo segundo turno. Mas, sem dúvida, o triunfo teve um efeito grande para os dois times. Um divisor de águas. No Sport, o time perdeu o rumo e não mais se encontrou nas partidas seguintes, ficando de fora das finais. Já o Náutico espantou as incertezas, ganhou confiança, cresceu tecnicamente, abraçou o trabalho de Muricy e engatou uma série de bons resultados que o fez campeão do centenário. E para Adilson, um momento que nunca vai esquecer na sua vida.

LIVROU A QUEDA

O gol sobre o Sport que deu ao Náutico força para chegar ao título estadual de 2001 deu também moral para Adilson renovar o seu contrato com o Timbu para a temporada seguinte. Em 2002, mesmo com a conquista do bicampeonato pernambucano, Timbu passou por sufoco da Série B do Brasileiro. Chegou na beira do rebaixamento à Terceirona. E só não foi graças ao gol salvador do volante na última rodada.

O Náutico passou por muitas transformações no elenco. Muitos técnicos passaram pelos Aflitos. E Adilson não chegou a se firmar como titular da equipe. Faltou ao Timbu um padrão de jogo ou, como diz nos dias de hoje, liga. Resultados positivos eram raridade. E na última rodada, o Timbu encarou o Bragantino, em São Paulo, e não podia perder.

Bragantino fez 2x1 e, com o resultado parcial, o Náutico seria rebaixado. "Mas aí, a bola foi cruzada na área após um escanteio e eu acabei fazendo o gol de empate", lembra Adilson. Os resultados dos adversários ajudaram. O time alvirrubro terminou na 20ª colocação, com 31 pontos, mesma pontuação do Americano-RJ, que foi rebaixado. O Timbu ficou a frente graças aos gols marcados (38x34). "Depois desse gol salvador, a diretoria me chamou e renovou o contrato para a temporada seguinte", relembra.

Adilson começou 2003 motivado. Mas a sequência de contusões o que fez perder espaço no time alvirrubro. Aquela foi sua temporada pelo time alvirrubro. Dois anos depois, encerrava a carreira, no Auto-Esporte, aos 35 anos. Hoje, trabalhando como segurança de uma empresa petroquímica, Adilson torce pelo sucesso dos filhos Alisson Henrique, 27 anos, que é formado em educação física, e Adson Igor, 21 anos, volante, que foi campeão sergipano na atual temporada pelo Sergipe.

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