CRISE

Presidente da FPF lamenta falta de apoio do Governo do Estado aos clubes; uma das soluções seria a criação da Série E

Evandro de Carvalho considera presidentes dos clubes como heróis ao herdarem débitos antigos

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Marcelo Cavalcante

Publicado em 15/09/2021 às 19:00 | Atualizado em 15/09/2021 às 21:40
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O futebol pernambucano se arrasta há anos numa crise. Mas, ao que parece, a situação atualmente está incomodando ainda mais diante da penúria financeira dos clubes e a eminente queda do Santa Cruz à Série D do Campeonato Brasileiro. O presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, defende os atuais dirigentes dos clubes. Para Evandro, os presidente de Sport, Náutico e Santa Cruz são verdadeiros heróis ao assumirem clubes que não possuem receitas e mergulhados em dívidas antigas. E, por isso, o mandatário da FPF lamenta o fato do futebol pernambucano não ter o apoio do Governo do Estado.

"Fica difícil trabalhar sem dinheiro. Um estado como Alagoas, que vive em crise, investe cerca de R$ 3,6 milhões por ano nos clubes. Amazonas e Pará também investem algo em torno dos R$ 10 milhões. Pernambuco é zero. Desde o fim do Todos com a Nota que não temos um incentivo sequer. E não vamos ter, pois o governador Paulo Câmara acredita que o futebol pode se sustentar. Já tivemos várias conversas sobre o assunto. Eu respeito. Mas já sei que, se for para ter apoio do Estado, será em outra gestão", declarou o presidente em entrevista ao Blog do Torcedor.

Evandro revelou que, através de seu prestígio junto à patrocinadores, conseguiu um montante de R$ 11 milhões para investir nos clubes que disputaram competições nacionais na atual temporada (exceto o Retrô, que segundo Evandro, não solicitou o apoio financeiro). E lamenta o fato dos clubes não ter um número maior de sócios em dia, o que poderia dar um oxigênio financeiro maior para os clubes. "É um absurdo que o Santa Cruz, que tem uma torcida imensa, ter cerca de 2,6 mil sócios. Era para ter 100 mil. O Sport é o único que chega na faixa dos 20 mil, mas ainda é pouco. Tem que ter 100 mil. O Náutico também. O torcedor precisa ter consciência que se não houver um grande número de pessoas contribuindo mensalmente com os clubes, ele não vão sobreviver", declarou.

O presidente afirma que a FPF é a única no Brasil que investe da forma que pode com os filiados que estão disputado a competição nacional. Mas também defende os mandatários dos clubes que estão encarando uma crise imensa, o que gera ira da torcida. "Alguém pode criticar Joaquim Bezerra, Constantino Júnior no Santa Cruz? A dívida de R$ 180 milhões que o clube tem vem 30 anos. Eles entraram para gerir essa situação. No Sport, Milton Bivar tirou do seu bolso R$ 3 milhões e colocou no clube", conta.

Evandro Carvalho é contra a Lei do Mandante, aprovada pelo Governo Federal, que garante liberdade para que cada clube negocie os direitos de transmissão dos jogos com as emissoras da TV. "Isso é bom para os clubes grandes. Os menores não têm condições para negociar. Atualmente, a CBF imitou a forma de ratear as cotas de patrocínio com os clubes que ficou semelhante à Espanha. Ano que vem, os clubes querem gerir isso. Vai voltar a ter aquela diferença enorme no valor das cotas entre os clubes", pontuou.

E QUAL A SOLUÇÃO?

Para o cenário nacional, Evandro defende a criação da Série E. "Precisamos aumentar a base da pirâmide e criar possibilidades para que os clubes menores joguem. Precisamos fazê-los jogar, pois as pessoas precisam de emprego", disse.

E em relação ao futebol pernambucano, o presidente da FPF diz que a aprovação da parceria com empresas que gerenciam loterias virtuais vão ajudar os cofres dos clubes pernambucanos. "Trabalho nesse projeto há oito anos. Serão 12 loterias que vão trabalhar e gerar dinheiro para o Estado. Falta apenas uma tramitação na Assembleia Legislativa para ser aprovada. E esperamos que o Governo do Estado destine parte do dinheiro arrecadado para os clubes pernambucanos", salienta.

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