Clubes da Premier League pedem reunião de emergência após venda do Newcastle para fundo saudita
Fundo presidido pelo príncipe saudita Bin Salman adquiriu 80% do clube, que pode ser o destino do brasileiro Philippe Coutinho
A compra do Newcastle por um fundo de investimentos da Arábia Saudita agitou o futebol inglês, levando os outros 19 clubes da primeira divisão a pressionarem a Premier League por uma reunião de emergência na próxima semana, segundo o jornal “The Guardian”.
De acordo com o periódico, os times estariam preocupados de que a marca da liga "possa ser danificada". Isso porque, o fundo de investimentos públicos (Public Investment Fund, PIF, em inglês) é controlado pelo governo da Arábia Saudita.
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Por causa disso, Yasir Al-Rumayyan, que tem o título de governador do PIF e é chamado de "Sua Excelência", foi indicado para o cargo em 2015 por Mohammad bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita. Salman é acusado de crimes contra jornalistas, suprimir direitos civis e outros abusos ditatoriais.
A compra do clube
O Newcastle foi comprado na última quinta-feira (8) por aproximadamente 300 milhões de libras, cerca de R$ 2,2 bilhões. Com esse dinheiro, o clube passa a ser o mais rico do mundo, superando as fortunas de PSG e Manchester City. Além disso, o tradicional time inglês já está analisando peças do mercado para fazer história.
O primeiro da lista é o brasileiro Philippe Coutinho, de 29 anos, do Barcelona. Acontece que o clube espanhol, em uma realidade totalmente diferente do Newcastle, está passando pela pior crise financeira da história, o que pode ser uma boa negociação para ambas as partes.
Além de Coutinho, outros dois astros do futebol mundial estão no radar do clube bilionário: Cavani e Bale. O uruguaio, de 34 anos, está no Manchester United e já conhece o futebol inglês. Já Bale, de 32 anos, é um dos ídolos do Tottenham e também possui características de velocidade impressionantes que podem fazer a diferença no Newcastle.
Direitos humanos
As conversas para aquisição do clube começaram há 18 meses e, na época, despertaram um debate pelo uso do futebol por governos ditatoriais. A ONG Anistia Internacional alertou a Premier League sobre a operação.
Segundo grupos de direitos humanos, a ideia do governo saudita é usar o Newcastle para fazer “sportwashing”, ou seja, o uso do esporte como forma de apagar – ou esconder – ações que governos não querem que sejam conhecidas pelo resto do mundo. O PSG, que pertence ao Catar, e Manchester City, de um grupo de Abu Dhabi, dos Emirados Árabes, são dois exemplos.
"Para a Arábia Saudita, o acordo mostra o sucesso de sua estratégia de RP [relações públicas] de investir em empreendimentos esportivos na tentativa de limpar a imagem. Para a liga inglesa... eles estão efetivamente convidando outros líderes abusivos a seguirem o exemplo", disse Nabhan al-Hanashi, que ocupa a diretoria da ALQST em caráter interino.
"O raciocínio [da liga inglesa] de que a PIF é uma entidade separada do Estado saudita é farsesco. Basta ver quem preside a PIF: o próprio príncipe herdeiro Bin Salman, cujo governo é marcado pelas formas de repressão mais brutais."
O ALQST ainda acusou a liga inglesa de futebol de ser motivada somente pelo dinheiro e por empregar critérios "profundamente inadequados" para avaliar os direitos humanos depois que o Newcastle United foi adquirido por um consórcio liderado pela Arábia Saudita.
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