ANÁLISE

Opinião: Neymar e a pressão de ser o principal nome da seleção brasileira

Aos 29 anos, o camisa 10 falou em entrevista ao DAZN que "encara 2022 como sua última Copa"

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Publicado em 11/10/2021 às 7:28
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Por Victor Peixoto, da TV Jornal

A pouco mais de um ano da Copa do Mundo de 2022, no Catar, Neymar, em entrevista ao canal por streaming DAZN, deu uma declaração bastante impactante e que mexe com as perspectivas de futuro da seleção brasileira.

Aos 29 anos, o camisa 10 falou que "encara 2022 como sua última Copa". "Acho que é minha última Copa do Mundo (Catar 2022). Eu encaro como a minha última porque não sei se terei mais condições, de cabeça, de aguentar mais futebol. Então vou fazer de tudo para chegar muito bem, fazer de tudo para ganhar com meu país. Para realizar o meu sonho desde pequeno e espero poder conseguir."

Uma declaração impactante, ainda mais em tempos de Cristiano Ronaldo e Messi, presenças certas no Catar com 37 e 35 anos respectivamente. Ainda mais quando analisamos o argumento utilizado por Neymar: "não se terei mais condições, de cabeça, de aguentar mais futebol".

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Argumento que deixa claro que o físico e a idade não são os fatores preponderantes, mas sim o psicológico e a pressão de ser o principal nome do país, dentro e fora da seleção, desde o pós-Copa de 2010, quando tinha apenas 18 anos.

E que deixa claro, ao menos pra mim, que para Neymar, com ecos na cultura futebolística brasileira, ser o melhor é uma exigência e não um algo a mais, de forma que, não o sendo, melhor nem participar, o que acaba explicando ainda mais a situação. Afinal, não é difícil imaginar Neymar, com contrato com o PSG até junho de 2025, estando em condições de ser um dos 23 convocados para a Copa de 2026, a ser a realizada de forma conjunta por Estados Unidos, Canadá e México, embora seja possível e até natural questionar se será o principal nome daqui para lá.

TRINTÕES QUE FICARAM FORA DA COPA

De qualquer forma, seja por qual motivo for e para além de análises e previsões, Neymar não seria o primeiro craque brasileiro a ficar fora de uma Copa do Mundo após os 30 anos. Fiz um recorte de 1986 para cá, quando Zico, então camisa 10 e principal figura da seleção, disputou a Copa do Mundo do México com 33 anos.

Começamos com Careca, que foi o principal nome de uma seleção pouco vistosa na Copa de 1990, então com 30 anos. Em 1994, tinha 34 anos e estava no futebol japonês, sua última convocação foi em agosto de 1993, para as Eliminatórias da Copa.

Avançando um pouco mais, vamos para um caso atípico, o de Romário. Aos 32 anos, o baixinho, grande nome do tetra, era presença certa ao lado de Ronaldo e Rivaldo no ataque da seleção brasileira na Copa de 1998, mas acabou cortado por uma lesão na panturrilha quando já estava concentrado com o grupo na França.

Em 2002, aos 36 anos, Romário tinha o aval da torcida para estar entre os 23, mas, por decisão técnica de Felipão, ficou de fora. Sua última convocação foi para um amistoso contra a Guatemala, em 2005, marcado para sua despedida da Amarelinha. O último jogo oficial foi em julho de 2001, quando, como capitão, jogou os 90 minutos da vitória por 1x0 do Uruguai sobre o Brasil pelas Eliminatórias.

RIVALDO E RONALDOS

Em 2006, foi a vez de Rivaldo, aos 34 anos, ficar de fora. Embora não fizesse falta num quadrado mágico com Ronaldo, Ronaldinho, Kaká e Adriano, e com Robinho no banco, Rivaldo foi o grande nome ao lado do Fenômeno no penta e foi mais um que sequer esteve no grupo. Sua última convocação foi em novembro de 2003, pelas Eliminatórias.

Já em 2010, as ausências foram duplas. Os dois Ronaldos, o Fênomeno e o Gaúcho, ficaram de fora. O primeiro, compreensível e lógico. Apesar de ter 34 anos, Ronaldo estava ainda mais fora do peso que em 2006 e, pelo seu histórico de lesões graves, uma carreira abreviada era o esperado.

Já o segundo, foi realmente um choque. Penta com 22 anos em 2010, vindo de duas Bolas de Ouro em 2004 e 2005 na Copa de 2006 aos 26 anos, esperava-se que Ronaldinho Gaúcho estivesse no auge em 2010, aos 30 anos, mas figurou apenas na lista de suplentes, ao lado de Ganso, perdendo a concorrência para Kleberson. Foi a maior das decepções dessa lista, já que teria 34 anos em 2014.

KAKÁ

Já Kaká, que esteve no grupo do Penta em 2002 e era um "sidekick" no quadrado mágico de 2006, foi, mesmo com a lesão no púbis, o grande nome do Brasil em 2010. Mas, em 2014, embora até convocado por Felipão no começo do trabalho, ficou de fora da lista final aos 32 anos. Sua última convocação ainda se deu anos depois, em amistoso contra o Panamá em maio de 2016, pouco antes da Copa América Centenário que culminaria na demissão de Dunga.

E, por fim, e até talvez menos importante, temos Marcelo. Um dos maiores laterais-esquerdo da história ao lado de Roberto Carlos, o jogador do Real Madrid terá 34 anos na Copa de 2022, mas hoje não é sequer a terceira opção de Tite e não é chamado desde a Copa de 2018.

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