Revelado o escândalo milionário que envolve Piqué e a federação espanhola; entenda
Empresa de Piqué recebeu valor milionário para levar Supercopa da Espanha para a Arábia Saudita
Com Estadão Conteúdo
Em manhã agitada nesta segunda-feira (18), o jornal "El Confidencial" publicou áudios de conversas envolvendo o zagueiro Gerard Piqué - do Barcelona - e Luis Rubiales, presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (REEF).
O arquivo é de 2019 e revela uma negociação que envolveu uma comissão de 24 milhões de euros (cerca de R$ 120 milhões) da REEF para a Kosmos, empresa de eventos esportivos comandada por Piqué, para organizar e levar a Supercopa da Espanha à Arábia Saudita.
"Rubi, se é um problema de dinheiro, se eles [o Real Madrid] por 8 milhões de euros iriam, caramba, então paga-se 8 [milhões] ao Real Madrid e 8 ao Barcelona", afirmou Piqué no áudio revelado.
"Aos outros [times envolvidos] paga-se 1 ou 2? São 19, a federação ainda fica com 6. Entre ficar com seis ou com nada? Apertamos a Arábia Saudita, dizemos que o Real Madrid não aceita ir e sacamos mais", completou o zagueiro.
O caso foi considerado um escândalo - na imprensa espanhola - por um jogador que participaria da competição estar envolvido nas negociações.
Valor por edição da Supercopa
Segundo documentos colhidos pela reportagem da "El Confidencial", a REEF recebeu 40 milhões de euros (R$ 200 milhões) por cada edição da Supercopa organizada no Oriente Médio. Já a Kosmos teria direito a 4 milhões de euros por temporada.
"A série de arquivos revelam, entre outros escândalos, que Piqué teve um papel decisivo nas negociações para a realização da Supercopa na Arábia Saudita e teve ao longo desse processo um tratamento privilegiado por parte de Rubiales por motivos não esclarecidos", afirmou o jornal espanhol.
Até o momento, três edições foram disputadas na Arábia Saudita - em 2020, 2021 e 2022 - com duas conquistas do Real Madrid e uma do Athletic Bilbao.
Antes da primeira temporada, Rubiales confirmou que a Kosmos havia participado das negociações, porém afirmou que a REEF não fez nenhum pagamento diretamente à empresa de Piqué.
REEF se defende
Em sua defesa, a REEF afirmou que "as informações não trazem nada de novo ao que foi publicado em 2019. Todos os números da operação foram apresentados, explicados e respaldados pela Assembleia do Futebol". Caso o pagamento direto à Kosmos seja confirmado, isso infringirá o código de ética da Federação.
"Faz parte de uma campanha de perseguição e descrédito que já estamos acostumados", explicou um dirigente da federação, citado pelo jornal espanhol Marca.
Na última quinta-feira (14), a entidade já havia comunicado que foi vítima de uma "ação criminal organizada e dirigida à posterior revelação de segredos mediante à distribuição de documentação confidencial com uma clara intenção espúria", além de afirmar que as conversas haviam sido "subtraídas" e tiradas do contexto completo.