Em novo pronunciamento na manhã desta quarta-feira (25), o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar as medidas de quarentena que vêm sendo implementadas no País e defendeu a adoção do isolamento vertical no combate da pandemia do coronavírus - indo de encontro a recomendações do próprio Ministério da Saúde (MS).
O que o presidente chamou de isolamento vertical seria o confinamento social intercalado por grupos de risco, segundo explicou o infectologista Paulo Sérgio Ramos. “Seria priorizar inicialmente o isolamento social dos idosos, que as estatísticas têm mostrado que é o grupo de acometimentos mais graves, com maior número de óbitos, para depois direcionar a portadores de doenças crônicas, depois gestantes... Ir intercalando os níveis de contenção social”, definiu.
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O modelo se difere da política de enfrentamento à doença covid-19 que vem sendo preconizada tanto pelo MS, como pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Ou seja, a contenção social para todos, exceto para as áreas essenciais - segurança, saúde - e, ainda assim, de forma escalonada”, afirmou.
Por isso, o especialista defende que o posicionamento do presidente não tem respaldo técnico de entidades médicas. “Nessa linha de raciocínio, entende ele, equivocadamente, que dessa forma a gente tiraria menos pessoas de suas atividades laborais e evitaria ou minimizaria um colapso do ponto de vista econômico. Essa parece ser uma visão muito simplista dessa questão muito complexa”.
De acordo com o médico, o confinamento total tem se mostrado efetivo em reduzir números de casos e levar menos pessoas graves ao hospital, “evitando, dessa forma, o total colapso do sistema público de saúde” - uma das maiores preocupações atuais dos sanitaristas.
“Alguns analistas da área já se posicionaram e acreditam que o presidente possa estar usando essa estratégia porque ele já sabe que o Brasil vai entrar num período de muita recessão, como muitos países irão. Com essa fala, ele estaria de alguma forma se protegendo, se colocando numa situação de conforto com relação à pandemia”, opinou.
O que é coronavírus?
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
Como prevenir o coronavírus?
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
- Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.
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