O médico sanitarista e epidemiologista pernambucano Jarbas Barbosa esclareceu a diferença entre o vírus da influenza e o novo coronavírus, em entrevista à Rádio Jornal, do Sistema Jornal do Commercio, na manhã desta quarta-feira (25). O especialista defende que a covid-19 é causada por um vírus que ainda tem seu comportamento desconhecido, e que "sem dúvidas nenhuma tem letalidade maior que a influenza".
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A diferença básica entre o vírus da gripe, que mata cerca de 60 mil pessoas por ano na Europa, segundo a OMS, e o novo coronavírus, é que a influenza já é conhecida e que grande parte das pessoas já desenvolveram imunidade para ela, conforme explicou o diretor-assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço regional nas Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), agência especializada em saúde pública da Organização das Nações Unidas (ONU).
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"Se considera que quando você tem a influenza, os sistemas de saúde não ficam sobrecarregados. Com a covid-19, o vírus é novo, ninguém tem imunidade para ele, porque nunca circulou no mundo antes. Então sua capacidade de ser transmitido com velocidade é muito maior do que a influenza, e isso está comprovado", expõe Jarbas.
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O sanitarista elucida que o segundo fator que diferencia os vírus é que, nas pessoas mais velhas e nas que têm doença de base, o novo coronavírus "produz doenças mais graves e em uma proporção maior do que a influenza produz". E continua: "então para a grande maioria das pessoas que entrarem em contato com o vírus, para crianças, jovens e adultos, vai ser muito parecido com a gripe e com o resfriado".
Jarbas Barbosa faz, no entanto, um alerta para os sintomáticos. Caso tenha febre, tosse e desconforto respiratório, deve procurar atendimento médico. "Quem não tem um caso mais grave não precisa procurar o hospital, nem deve, porque vai sobrecarregá-lo".
Disseminação no mundo
Ainda há mais perguntas do que respostas sobre a covid-19. De acordo com o diretor-assistente da OMS, não se sabe se o vírus se dissemina com mais lentidão em países tropicais. Mas, por enquanto, é preciso se preparar para o pior cenário. "Será que esse vírus em uma área tropical vai ter uma área menor de transmissão? Essa é uma duvida. E devemos nos preparar para o pior cenário: que se transmita [no Brasil] do mesmo jeito que na Itália, China e Estados Unidos, por exemplo", alertou.
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"Gripezinha"
Em pronunciamento feito em rede nacional, nesta terça-feira (24), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), voltou a subestimar o novo coronavírus, chamando a doença de "gripezinha" e "resfriadinho", sendo alvo de críticas de opositores e especialistas. Também fez menção do doutor Drauzio Varella que, em um vídeo, informou a importância da quarentena para conter a pandemia do coronavírus.
"No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria se preocupar. Nada sentiria ou seria quando muito acometido de uma 'gripezinha' ou 'resfriadinho', como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão", falou, em referência a Drauzio. "Devemos sim é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nossos queridos pais e avós, respeitando às orientações do Ministério da Saúde", indicou Bolsonaro.
O que é coronavírus?
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
Confira o mapa de casos
Como prevenir o coronavírus?
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
- Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.
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