Com informações da Folha de S.Paulo
Com a intenção de saber a porcentagem da população que já foi infectada pelo novo coronavírus, o Brasil vai fazer um teste em massa. Ainda neste mês de abril, mais precisamente daqui a duas semanas, 100 mil brasileiros serão examinados. A verificação será feita em três etapas. O Ministério da Saúde deverá aprovar a realização do estudo nesta quinta-feira (2), segundo informou Erno Harzheim, secretário de Atenção Primária a Saúde.
>> Mais de 900.000 casos de coronavírus oficialmente declarados no mundo
>> Trump duvida de números do coronavírus na China
>> Ipea estima que 59 milhões são elegíveis para auxílio de R$ 600
>> Recife retoma vacinação contra gripe com três pontos de drive thru
>> Coronavírus: Senado aprova auxílio mensal de R$ 3.135 para empregados
A intenção é pesquisar e estimar o alcance real da epidemia e o avanço no números de casos da covid-19. A cada duas semanas, 33 mil pessoas serão testadas. "Vai ser o primeiro retrato da doença pelo País, não apenas o retrato da situação daqueles que procuram os serviços de saúde com sintomas severos. Vai ser um grande instrumento para planejarmos o combate à doença, realizado por um grupo de cientistas independente", disse Harzheim.
Com os dados que serão obtidos pelo exame a respeito do espalhamento da doença, vai ser possível descobrir quais são as regiões mais atingidas do Brasil, fazer projeções do avanço da epidemia e planejar medidas para a contenção do coronavírus.
O processo vai parecer uma pesquisa de opinião eleitoral, a título de exemplo. Mas, ao invés de contar as preferências para o entrevistador, as pessoas sorteadas pela pesquisa vão dar uma amostra de sangue retirada da ponta do dedo, que vai ser coletada em casa.
Assim, com os números do levantamento e estudos dos epidemiologistas, vai ser possível definir, com base em dados científicos, a necessidade de isolamentos, como: onde, tipo e até quanto eles deverão ser implementados na sociedade. Com os dados, vai ser possível ainda definir quando os brasileiros vão poder, aos poucos, voltar às atividades rotineiras. Também vai ser possível projetar quantas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ventiladores e outros equipamentos vão ser necessários para os tratamentos nas regiões brasileiras.
Pedro Hallal está na coordenação do trabalho, junto com os epidemiologistas da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel). O grupo de Hallal, que é reitor da Ufpel, inclusive, vai começar um teste em massa no Rio Grande do Sul, a partir deste fim de semana. A equipe vai contar, também, com pesquisadores da FGV do Rio, USP, Unifesp, Uerj e UFCSPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre).
De acordo com o Harzheim, o secretário do Ministério da Saúde que supervisiona o projeto, o teste vai ser bancado por recursos federais, vindos do Fundo Nacional de Saúde. Harzheim também é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, nas áreas de medicina social e epidemiologia. Os testes serão fornecidos pelo ministério. O secretário afirmou que vai assinar nesta quinta a medida para que o projeto deslanche e tenha recursos.
Para Claudio Strunchier, médico, matemático, epidemiologista e professor da Escola de Matemática Aplicada FGV do Rio, o exame em massa poderão fazer toda a diferença nos próximos dias.
Não temos saída [a não ser fazer a pesquisa, o ‘inquérito sorológico’]. Precisamos de dados para planejar. Esse isolamento não pode continuar por muito mais tempoClaudio Strunchier
Assine a nova newsletter do JC e fique bem informado sobre o coronavírus
Todos os dias, de domingo a domingo, sempre às 20h, o Jornal do Commercio divulga uma nova newsletter diretamente para o seu email sobre os assuntos mais atualizados do coronavírus em Pernambuco, no Brasil e no mundo. E como faço para receber? É simples. Os interessados podem assinar esta e outras newsletters através do link jc.com.br/newsletter ou no box localizado no final das matérias.
O que é coronavírus?
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
Como prevenir o coronavírus?
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
- Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.
Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada
Citação
Não temos saída [a não ser fazer a pesquisa, o ‘inquérito sorológico’]. Precisamos de dados para planejar. Esse isolamento não pode continuar por muito mais tempo
Claudio Strunchier
Comentários