Operação da PF em Pernambuco e outros 12 Estados contra tráfico de drogas bloqueia R$ 100 milhões e sequestra 12 aeronaves

Operação Além-Mar cumpre, nesta terça-feira (18), 139 mandados de busca e apreensão e 50 mandados de prisão
JC
Publicado em 18/08/2020 às 7:01
Foi determinado ainda pela Justiça Federal o sequestro de cinco helicópteros, sete aviões, 42 caminhões e 35 imóveis urbanos e rurais ligados aos investigados e ao esquema criminoso Foto: DIVULGAÇAÕ/PF


Reportagem atualizada às 12h00

Polícia Federal em Pernambuco deflagrou, na manhã desta terça-feira (18), a Operação Além-Mar, que investiga esquema de Tráfico Internacional de Drogas e Lavagem de Dinheiro. Em todo o Brasil, são cumpridos 139 mandados de busca e apreensão e 50 mandados de prisão, sendo 20 prisões preventivas e 30 prisões temporárias, em ação que conta com o apoio de aproximadamente 630 policiais federais em 13 estados do País. Integrada por empresários do setor de transporte de cargas de Pernambuco, funcionários e motoristas de caminhão cooptados, o esquema criminoso no Estado previa a logística de transporte rodoviário da droga e o armazenamento de carga até o momento de ocultação da droga em containers.

Só em Pernambuco, foram expedidos 13 mandados de prisão e 38 de busca e apreensão. Até a manhã desta terça-feira (18), foram cumpridos 9 mandados de prisão, enquanto quatro suspeitos ainda seguem foragidos. Todos os 38 mandados de busca e apreensão em Pernambuco foram cumpridos.

Os mandados são dirigidos a endereços e pessoas localizados em 13 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo.

A Justiça Federal ainda determinou, em todo o País, o sequestro de cinco helicópteros, sete aviões, 42 caminhões e 35 imóveis urbanos e rurais ligados aos investigados pelo esquema criminoso, além do bloqueio judicial do valor de R$100.000.000,00 (cem milhões de reais).

Segundo informações passadas em coletiva de imprensa pela PF em Pernambuco, haviam sido apreendidos 46 veículos, três barcos e oito aeronaves na manhã de terça-feira, estas últimas no Pará, Distrito Federal e em Pernambuco. 

A superintendente regional da PF em Pernambuco, Carla Patrícia Cintra, considerou a operação um sucesso e exemplo a ser seguido. "Ela merece ser estudada. Nos meus mais de 20 anos de polícia, sinceramente, é a operação de tráfico de drogas mais bonita, completa e bem feita que eu já vi. Demonstra a operação de quatro organizações criminosas de forma separada, mas ao mesmo tempo, coordenada. São organizações que cuidam desde a internacionalização da droga no país até outra, que é mais responsável pelo abastecimento nacional e também pela ocultação dessa droga em território nacional", disse.

Esquema de tráfico internacional

A PF explicou em coletiva que a droga era produzida na Bolívia, levada para o Paraguai e em seguida para o Brasil, passando por São Paulo e Pernambuco.

O esquema de tráfico internacional de drogas era viabilizado por quatro organizações criminosas autônomas que atuaram em conexão. Dentre elas, duas eram relacionadas ao trafico, uma à logística de transporte rodoviário e uma à lavagem de dinheiro, que movimentava valores através de contas de laranjas.

  • A primeira, estabelecida em São Paulo (SP), promove reiteradamente a internação de cocaína pela fronteira com o Paraguai, transportando-a via aérea até o estado de São Paulo e distribuindo-a no atacado para organizações criminosas estabelecidas no Brasil e na Europa.
  • A segunda, estabelecida em Campinas (SP), parceira da anterior, recebe a cocaína internalizada no território nacional para distribuição interna e exportação para Cabo Verde e Europa.
  • A terceira, estabelecida em Recife (PE), é integrada por empresários do setor de transporte de cargas, funcionários e motoristas de caminhão cooptados e provê a logística de transporte rodoviário da droga e o armazenamento de carga até o momento de sua ocultação nos containers.
  • A quarta organização criminosa, estabelecida na região do Braz, em São Paulo (SP), atua como banco paralelo, disponibilizando sua rede de contas bancárias (titularizadas por empresas fantasma, de fachada ou em nome de “laranjas”) para movimentação de recursos de terceiros, de origem ilícita, mediante controle de crédito/débito, cujas restituições se dão em espécie e a partir de TEDs, inclusive com compensação de movimentação havida no exterior (dólar-cabo).

Toneladas de cocaína eram, então, exportadas via portos brasileiros, especialmente através do Porto de Natal (RN). A droga, então, era recebida nos portos da Espanha, Bélgica, França e Holanda, e distribuídas por outros países da Europa.

Para a corporação, prisões em flagrante e apreensões de drogas ao longo das investigações caracterizaram um "modus operandi" dividido em três fases:

  • Internação da cocaína pela fronteira com o Paraguai e armazenamento no interior de São Paulo;
  • Transporte interno da droga para as regiões de embarque marítimo e armazenamento em galpões;
  • Transporte internacional mediante embarque da droga em navios de carga (contaminação de containers) ou veleiros.

Investigações

As investigações foram iniciadas no ano de 2018 a partir de informações difundidas à Coordenação Geral de Prevenção e Repressão ao Tráfico de Drogas (CGPRE), da Polícia Federal pela National Crime Agency (NCA), como resultado de parceria estabelecida para reprimir o tráfico de cocaína destinada à Europa. Desde o início, foram apreendidas mais de 11 toneladas de cocaína. 

Mesmo diante da situação de emergência de saúde pública e o isolamento social imposto pela pandemia da covid-19, o esquema criminoso não foi interrompido, tendo sido apreendidos entre os meses de março e julho de 2020 mais de 1,5 tonelada de cocaína.

Prisões e apreensões anteriores

Durante a fase sigilosa das investigações foram presas 12 pessoas e apreendidas mais de 11 toneladas de cocaína, no Brasil e na Europa, relacionados ao esquema criminoso. Dentre esses presos estava um grande traficante que permaneceu foragido da justiça brasileira por 10 anos e era procurado pela Polícia Federal e pela National Crime Agency (NCA), do Reino Unido. Ele foi preso em Jundiaí (SP) em março de 2019.

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