Reportagem atualizada às 12h00
A Polícia Federal em Pernambuco deflagrou, na manhã desta terça-feira (18), a Operação Além-Mar, que investiga esquema de Tráfico Internacional de Drogas e Lavagem de Dinheiro. Em todo o Brasil, são cumpridos 139 mandados de busca e apreensão e 50 mandados de prisão, sendo 20 prisões preventivas e 30 prisões temporárias, em ação que conta com o apoio de aproximadamente 630 policiais federais em 13 estados do País. Integrada por empresários do setor de transporte de cargas de Pernambuco, funcionários e motoristas de caminhão cooptados, o esquema criminoso no Estado previa a logística de transporte rodoviário da droga e o armazenamento de carga até o momento de ocultação da droga em containers.
Só em Pernambuco, foram expedidos 13 mandados de prisão e 38 de busca e apreensão. Até a manhã desta terça-feira (18), foram cumpridos 9 mandados de prisão, enquanto quatro suspeitos ainda seguem foragidos. Todos os 38 mandados de busca e apreensão em Pernambuco foram cumpridos.
Os mandados são dirigidos a endereços e pessoas localizados em 13 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo.
A Justiça Federal ainda determinou, em todo o País, o sequestro de cinco helicópteros, sete aviões, 42 caminhões e 35 imóveis urbanos e rurais ligados aos investigados pelo esquema criminoso, além do bloqueio judicial do valor de R$100.000.000,00 (cem milhões de reais).
Segundo informações passadas em coletiva de imprensa pela PF em Pernambuco, haviam sido apreendidos 46 veículos, três barcos e oito aeronaves na manhã de terça-feira, estas últimas no Pará, Distrito Federal e em Pernambuco.
A superintendente regional da PF em Pernambuco, Carla Patrícia Cintra, considerou a operação um sucesso e exemplo a ser seguido. "Ela merece ser estudada. Nos meus mais de 20 anos de polícia, sinceramente, é a operação de tráfico de drogas mais bonita, completa e bem feita que eu já vi. Demonstra a operação de quatro organizações criminosas de forma separada, mas ao mesmo tempo, coordenada. São organizações que cuidam desde a internacionalização da droga no país até outra, que é mais responsável pelo abastecimento nacional e também pela ocultação dessa droga em território nacional", disse.
A PF explicou em coletiva que a droga era produzida na Bolívia, levada para o Paraguai e em seguida para o Brasil, passando por São Paulo e Pernambuco.
O esquema de tráfico internacional de drogas era viabilizado por quatro organizações criminosas autônomas que atuaram em conexão. Dentre elas, duas eram relacionadas ao trafico, uma à logística de transporte rodoviário e uma à lavagem de dinheiro, que movimentava valores através de contas de laranjas.
Toneladas de cocaína eram, então, exportadas via portos brasileiros, especialmente através do Porto de Natal (RN). A droga, então, era recebida nos portos da Espanha, Bélgica, França e Holanda, e distribuídas por outros países da Europa.
Para a corporação, prisões em flagrante e apreensões de drogas ao longo das investigações caracterizaram um "modus operandi" dividido em três fases:
As investigações foram iniciadas no ano de 2018 a partir de informações difundidas à Coordenação Geral de Prevenção e Repressão ao Tráfico de Drogas (CGPRE), da Polícia Federal pela National Crime Agency (NCA), como resultado de parceria estabelecida para reprimir o tráfico de cocaína destinada à Europa. Desde o início, foram apreendidas mais de 11 toneladas de cocaína.
Mesmo diante da situação de emergência de saúde pública e o isolamento social imposto pela pandemia da covid-19, o esquema criminoso não foi interrompido, tendo sido apreendidos entre os meses de março e julho de 2020 mais de 1,5 tonelada de cocaína.
Durante a fase sigilosa das investigações foram presas 12 pessoas e apreendidas mais de 11 toneladas de cocaína, no Brasil e na Europa, relacionados ao esquema criminoso. Dentre esses presos estava um grande traficante que permaneceu foragido da justiça brasileira por 10 anos e era procurado pela Polícia Federal e pela National Crime Agency (NCA), do Reino Unido. Ele foi preso em Jundiaí (SP) em março de 2019.