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"Miguel é filho e neto do Brasil porque todos buscam a mesma coisa, justiça", diz mãe de Miguel em live com Adriana Calcanhotto

A cantora fez uma canção, intitulada "2 de junho", em homenagem ao menino Miguel

Carolina Fonsêca
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Carolina Fonsêca
Publicado em 18/09/2020 às 18:46 | Atualizado em 18/09/2020 às 19:36
WELINGTON LIMA/JC IIMAGEM
Caso Miguel - Mirtes Renata de Souza e populares protestavam em frente a delegacia onde Sari Corte Real, no momento em que prestava depoimento, sobre a morte do menino Miguel na delegacia de Santo Amaro. - FOTO: WELINGTON LIMA/JC IIMAGEM

A cantora Adriana Calcanhotto realizou, na noite desta sexta-feira (18), uma transmissão ao vivo em seu perfil no Instagram (@adrianacalcanhotto) para falar do lançamento da canção "2 de Junho", composta por ela e dedicada a Miguel Otávio Santana da Silva, que morreu após cair do nono andar de um prédio no Centro do Recife. Durante a live, Adriana dividiu o espaço com convidados, entre eles Mirtes Renata, mãe do garotinho. Durante a conversa com a cantora e compositora, Mirtes agradeceu a canção e o apoio.

"Agradeço por você ter feito esta canção e por estar junto comigo nessa luta por justiça. Eu penso positivo, que a justiça vai ser feita sim. Miguel não é mais só filho de Mirtes. É filho, neto do Brasil porque todos buscam a mesma coisa que eu quero, justiça. Não quero que Sarí fique solta porque pagou R$ 20 mil e está rindo da minha cara, de todos, está na rua. A justiça tem que ser igual para todos e, graças a Deus, eu tenho vocês junto comigo para buscar justiça, para o caso de Miguel não cair no esquecimento", disse. 

A live começou por volta das 18h e Adriana conversou primeiro com a advogada ativista em defesa dos direitos humanos, Margada Pressburger e, em seguida, com Mirtes. Depois de Mirtes, participou da transmissão Monica Oliveira, integrante da Coordenação da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e, por fim, a artista transdisciplinar Mana Bernardes que está a frente da campanha “Ouçam Mirtes, a mãe de Miguel”. 

Ouça a canção composta e interpretada por Adriana Calcanhotto

Leia a letra de "2 de Junho"

No país negro e racista
No coração da América Latina
Na cidade do Recife
Terça feira 2 de junho de dois mil e vinte
Vinte e nove graus Celsius
Céu claro
Sai pra trabalhar a empregada
Mesmo no meio da pandemia
E por isso ela leva pela mão
Miguel, cinco anos
Nome de anjo
Miguel Otávio
Primeiro e único
Trinta e cinco metros de voo
Do nono andar
Cinquenta e nove segundos antes de sua mãe voltar
O destino de Ícaro
O sangue de preto 2x
As asas de ar
No país negro e racista
No coração da América Latina

UFRPE homenageia Miguel ao criar instituto voltado para o cuidado da infância ao envelhecimento

Unir as iniciativas relacionadas à infância e ao envelhecimento da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), além de eternizar a memória de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, que morreu em junho deste ano após cair do nono andar de um prédio no Centro do Recife. Foi com este objetivo que foi criado o Instituto Menino Miguel. Após sua inauguração, marcada para o próximo dia 13 de outubro, o órgão funcionará como um agregador de pesquisas, projetos e propostas de políticas públicas voltadas aos temas bem-estar, família e processos do envelhecimento, dentro da universidade, no bairro de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife.

“Pensamos em batizar com o nome de Miguel porque o caso mobiliza as dimensões da vida humana. Ele era uma criança, que pertencia a uma família, tinha mãe e avó. Sozinho, ele abarca tudo isso”, comenta Humberto Miranda, coordenador do Instituto Menino Miguel. O órgão vai reunir quatro estruturas que já existiam na UFRPE. São eles: a Escola de Conselhos de Pernambuco, o Núcleo de Cuidado Humano, o Núcleo de Envelhecimento e o Observatório da Família.

“As ações desenvolvidas no Instituto Menino Miguel caminham para pesquisa, ensino e extensão a partir da lógica do cuidado humano, infância e famílias, além de ações de formação pros conselheiros tutelares, de direito, e pessoas da rede de proteção. Todas as atividades vão ser coordenadas pelo instituto”, acrescenta Miranda. As ações do Menino Miguel contam com o apoio e o acompanhamento da mãe de Miguel, Mirtes Renata.

A previsão é de que, no próximo ano, seja criado um instituto itinerante, que será levado para as cidades do interior de Pernambuco, com a participação de Mirtes. “Para mim, é muito importante saber que esse instituto vai ajudar pessoas, porque Miguel gostava de ajudar, era um menino prestativo. Então, ele vai estar bem representado. Independente de cor, raça ou religião, o instituto vai distribuir amor e ajudar a diminuir o preconceito”, relata Mirtes.

Morte de Miguel

O menino Miguel morreu no dia 2 de junho, após cair do nono andar do Edifício Píer Maurício de Nassau, situado na Rua Cais de Santa Rita, no bairro de São José. A criança estava aos cuidados da patroa da mãe, Sarí Gaspar Corte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker. Ela foi indiciada por abandono de incapaz com resultado de morte e aguarda julgamento em liberdade. No momento da queda de Miguel, Mirtes passeava com o cachorro de Sarí.

 

 

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