CORONAVÍRUS

"Brasil terá janeiro mais triste de sua história", prevê pneumologista

Ainda distante de uma vacinação de massa, ela argumentou que o País está em uma situação "paradoxal"

Amanda Rainheri
Cadastrado por
Amanda Rainheri
Publicado em 31/12/2020 às 11:58 | Atualizado em 31/12/2020 às 13:16
REUTERS / Washington Alves
Do novos casos notificados neste sábado, 32 são de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e 300 (90,3%) casos leves - FOTO: REUTERS / Washington Alves

Em entrevista à Rádio Jornal nesta quinta-feira (31), a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo falou sobre o aumento de número de casos do novo coronavírus no Brasil e apostou que o País deve ter o mês de janeiro mais triste da história. Ainda distante de uma vacinação em massa, ela argumentou que o País está em uma situação "paradoxal" em relação aos imunizantes.

>> Conheça o plano de vacinação contra a covid-19 lançado pelo governo federal 

>> Governo de Pernambuco garante que está pronto para receber a vacina contra a covid-19

>> Covid-19: Pernambuco proíbe festas, shows e eventos de Natal e Ano Novo

"O Brasil foi um celeiro muito produtivo para os estudos de fase 3 da vacina e nos encontramos em uma fase de atraso até para a negociação de obtenção das vacinas", criticou. A médica destacou que as vacinas Coronavac, da China em parceria com o Instituto Butantan, e AstraZeneca, de Oxford em parceria com a Fiocruz, estão com os estudos de fase 3 concluídos e em iminência de pedido de registro no Brasil. Segundo ela, a AstraZeneca está com o cronograma mantido e vai entregar o primeiro lote em fevereiro. "Mas o momento em que vai começar a vacinação, não podemos precisar. Suponho que no final do verão possamos começar a vacinar." 

Cabe ao governo definir o calendário e quais grupos devem ser prioritários para o acesso ao imunizante. Segundo a pesquisadora, tanto a Fiocruz quanto o Butantan serão capazes de produzir vacinas suficientes para interromper a pandemia no Brasil. Para que o efeito possa ser sentido, no entanto, é necessário que pelo menos 50 a 60% da população tenha recebido as doses da vacina. "Isso significa que precisamos vacinar cerca de 100 milhões de pessoas para termos tranquilidade de que interceptaremos a cadeia de transmissão da pandemia, mas essas vacinas têm um impacto muito importante de prevenir casos graves e mortes, o que é um efeito benéfico extremamente potente", pontuou. 

Margareth Dalcolmo afirmou ainda que os imunizantes são seguros e classificou como "marginais" e "criminosos" os movimentos antivacina. "Todas as vacinas serão boas, seguras e eficazes. Nenhuma etapa do processo foi pulada. Nos sentimos muito contentes de poder dizer que nunca antes o ser humano produziu tanto em tão pouco tempo. Considero esses movimentos marginais e criminosos. Não vacinar um idoso ou uma criança é um ato, do ponto de vista de direitos humanos, de absoluta violação."

A especialista argumentou que foram as vacinas que transformaram a vida no último século. "Elas foram os grandes modificadores das vidas no século 20. O que impede uma criança hoje de morrer de doenças como difteria e sarampo são as vacinas. Para os vírus respiratórios, a grande solução é a vacina. Não estamos apostando em medicamentos ou tratamentos, porque a melhor solução é a vacina", reforçou. 

A preocupação com o aumento dos indicadores e a desobediência às recomendações de especialistas sobre higiene e distanciamento é a maior preocupação da médica. "Não tenho dúvidas de que o mês de janeiro, pelas festas e comportamentos inadequados, que veremos inclusive nesta noite de Ano Novo, e que têm nos entristecido muito, farão com que a segunda onda se materialize em janeiro. Será o janeiro mais triste das nossas vidas."

Comentários

Últimas notícias