Enfrentando alta de mortes, Manaus instala câmaras frigoríficas em cemitério
A cidade começa, nesta quinta (14), um toque de recolher na tentativa de diminuir a curva de casos e mortes
Com aumento no número de sepultamentos em Manaus, no Amazonas, a prefeitura da cidade instalou duas câmaras frigoríficas no cemitério público Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tarumã. A medida é para manter conservados os corpos dos pacientes que morrerem nos horários em que os cemitérios estão fechados.
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Segundo a Prefeitura de Manaus, cada câmara tem capacidade para armazenar até 60 caixõese começarão a ser utilizadas nestaquinta-feira (14).
O número de sepultamentos em Manaus quintuplicou em um mês, segundo dados divulgados pela prefeitura. Na quarta-feira, 198 enterros ocorreram na capital, dos quais 87 tinham confirmação para covid-19 e sete eram de casos suspeitos. Em 13 de dezembro foram 36 óbitos, seis com resultado positivo para o vírus. Isto representa um aumento de 450%.
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Os equipamentos instalados irão prestar suporte ao serviço SOS Funeral, da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc). O SOS Funeral é um serviço que oferece gratuitamente cortejo, remoção, translado fúnebre, doação de urna funerária, isenção da taxa do sepultamento e o atendimento psicossocial às famílias no perfil de vulnerabilidade social e econômica, que não podem arcar com os custos nos casos de mortes ocorridas.
Asecretária da Semasc, Jane Mara Moraes, afirmou que “o secretário Sabá Reis e eu acompanhamos a instalação dessas câmaras e esse serviço será fundamental para melhorar nosso atendimento, evitando qualquer transtorno e prejuízo relacionados ao não reconhecimento”.
A Semasc informou que vai instalar, no cemitério Nossa Senhora Aparecida, um micro-ônibus, que permanecerá no local 24 horas e atenderá as demandas do serviço.
Toque de recolher
O estado do Amazonas anunciou nesta quinta-feira a imposição de toque de recolher devido ao colapso de seu sistema de saúde causado pela pandemia de covid-19, que deixou hospitais sem oxigênio.
Na capital, Manaus, "acabou o oxigênio e algumas unidades de saúde viraram uma espécie de câmaras de asfixia", informou à AFP Jessem Orellana, da Fundação Fiocruz-Amazônia, uma instituição de pesquisa.
"Estamos no momento mais crítico da pandemia", disse o governador do Amazonas, Wilson Lima.
A Amazônia "produz quantidades significativas de oxigênio, mas hoje nosso povo precisa de oxigênio e solidariedade", afirmou, acrescentando que vários pacientes serão transferidos para outros estados.
Cerca de 400 cilindros de oxigênio foram entregues por militares nos últimos cinco dias para atender à demanda.
O toque de recolher será aplicado a partir de sexta-feira, das 19h às 06h.
O Brasil enfrenta o agravamento da pandemia, que já deixou mais de 205 mil mortos, um balanço superado apenas pelos Estados Unidos.
A média nacional de óbitos é de 98 por 100.000 habitantes, mas no estado do Amazonas chega a 142/100.000. Apenas Rio de Janeiro (158) e Brasília (145) o superam.
O Brasil se prepara para iniciar sua campanha de vacinação contra a covid-19 provavelmente a partir deste mês.
"Aqui não tem leito vazio, nem oxigênio, nada, a gente tá só na fé", disse Luiza Castro, moradora da capital amazonense.
Imagens nas redes sociais mostram pessoas carregando tanques de oxigênio para hospitais e pacientes reclamando da falta de assistência médica.
Segundo dados do município, a cidade registrou o quarto recorde diário consecutivo de enterros: 198 pessoas foram sepultadas na quarta-feira, sendo 87 por covid-19.