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OMS diz que o Brasil tem que levar a sério a pandemia de covid-19

"Se o Brasil não levar isso a sério, isso afetará todos os vizinhos e além, então não se trata apenas do Brasil, acho que diz respeito a toda a América Latina", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus

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AFP

Publicado em 05/03/2021 às 20:45 | Atualizado em 05/03/2021 às 21:03
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O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, advertiu nesta sexta-feira (5) o Brasil de que a situação sanitária "é muito séria" e instou o país a tomar "medidas agressivas" para conter o novo repique da pandemia do coronavírus.

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"A situação é muito séria e estamos muito preocupados. As medidas sanitárias tomadas pelo Brasil devem ser agressivas, ao mesmo tempo em que avança na vacinação", disse o chefe da OMS durante coletiva de imprensa.

"A preocupação não gira apenas em torno do Brasil, mas também dos vizinhos do Brasil, é quase a América Latina como um todo, muitos países, exceto dois mais ou menos", alertou o diretor da OMS.

"Se o Brasil não levar isso a sério, isso afetará todos os vizinhos e além, então não se trata apenas do Brasil, acho que diz respeito a toda a América Latina", disse ele.

O diretor da OMS comparou a situação do Brasil com a de outros países onde se observaram "tendências de queda" e disse que no gigante sul-americano a situação era "de alta ou simplesmente estável", por isso Brasília "tem que levar isso muito a sério".

Brasil é o segundo país mais afetado pela pandemia

Com 262.770 mortes por covid-19 (1.800 nas últimas 24 horas), o Brasil é o segundo país do mundo mais afetado pela pandemia, superado apenas pelos Estados Unidos (520.563 mortes), segundo balanço da AFP baseado em dados oficiais.

Nos últimos dias, o Brasil registrou recordes consecutivos de mortes por covid-19 em um único dia (1.641 na terça, 1.910 na quarta).

O total de casos no país chegou nesta sexta-feira a 10.869.227 (com 75.495 novos contágios nas últimas 24 horas).

A média semanal de mortes está acima das 1.000 desde 20 de janeiro, pela primeira vez desde agosto de 2020, e ultrapassa 1.400 desde a última sexta-feira.

O aumento é efeito, segundo os especialistas, da falta de distanciamento social durante as festas de final de ano e das aglomerações durante o verão e o carnaval, apesar deste último ter sido proibido oficialmente.

Alguns estudos também apontam para a nova variante do coronavírus da Amazônia, chamada de P.1, duas vezes mais contagiosa, já detectada em 17 estados e que causa alarme em todo o mundo.

Cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Ministério da Saúde, também detectaram uma mutação dessa variante na maioria dos pacientes de seis entre oito estados analisados.

Para evitar colapsos em seus hospitais, o Rio de Janeiro impôs restrições a bares e restaurantes a partir desta sexta-feira, que devem fechar às 20h, três horas a mais do que o que a prefeitura tinha determinado por decisão da justiça, além da proibição das atividades comerciais nas famosas praias da cidade e o funcionamento das boates, das rodas de samba e outras festas.

Enquanto isso, o estado de São Paulo, o mais rico e populoso do país - onde foram registradas 61 mil mortes - fortalecerá as medidas de enfrentamento à covid-19 a partir da 00h deste, e apenas as atividades essenciais serão permitidas, principalmente no âmbito da saúde, alimentação e transportes públicos, além de escolas e igrejas.

No país cujo presidente, Jair Bolsonaro, minimiza a pandemia e critica as medidas de isolamento por causa dos seus efeitos nocivos à economia, estados e municípios ordenam medidas de quarentena para impedir a propagação do vírus.

Por sua vez, Michael Ryan, responsável da OMS pelo programa de resposta a emergências, também presente na conferência, destacou a importância de não "baixar a guarda em outras áreas", como no distanciamento físico, se não se quiser que "a esperança proporcionada pela vacina seja desperdiçada".

O encarregado frisou que as medidas básicas de prevenção continuam sendo "a melhor aposta" para conter a contaminação, porém acrescentou que em países como o Brasil, com grande população urbana, é muito difícil manter o distanciamento ou usar máscara, se "não têm recursos para fazer isso sem o apoio do Estado".

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