Saiba o que é a cepa indiana do coronavírus diagnosticada no Maranhão
Considerada como uma "preocupação global" pela OMS, a variante B.1.617 foi identificada em um indiano de 54 anos, que deu entrada em um hospital da rede privada em São Luís
Com informações da Veja, AFP e Estadão Conteúdo
Com a confirmação do primeiro caso da covid-19 provocado pela variante do coronavírus B.1.617, originada da Índia, no Maranhão nesta quinta-feira (20), uma onda de questionamentos sobre a cepa tem tomado conta do Brasil, já, na semana passada, ela foi considerada como uma "preocupação global" pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas, afinal, o que é essa nova variante e o quanto ela pode ser perigosa?
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Descoberta em outubro de 2020, a variante indiana possui três versões, que contam com pequenas diferenças. Uma análise genética descobriu que elas têm mutações importantes no genes que codificam a espícula, uma proteína que fica localizada na superfície do vírus e é responsável iniciar a infecção ao se conectar com as células do corpo humano.
Entre as alterações, três delas chamaram a atenção de cientistas: a L452R, a E484Q e a P681R. A mutação L452R, no entanto, já havia sido observada em duas variantes detectadas em Nova York e na Califórnia, nos Estados Unidos. Já a E484Q é similar com a E484K, uma alteração encontrada no Brasil, Reino Unido e África do Sul. A mutação P681R, por sua vez, aparentemente é exclusiva das Índia e ainda não se sabe, ao certo, qual o seu comportamento.
Em linhas gerais, os novos aprimoramentos podem representar que as pessoas tenham uma maior facilidade para se infectar pelo novo coronavírus. Nesse caso, se antes era necessário uma carga de vírus maior para que o ser humano pudesse se infectar, agora isso pode ocorrer uma carga mais baixa.
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Na último dia 10 de maio, a OMS falou sobre a cepa indiana e a caracterizou como "preocupante". "Há informes de que a B.1.617 é mais contagiosa", e portanto, "nós a classificamos como uma variante preocupante em nível mundial", afirmou a doutora Maria Van Kerkhove, responsável técnica da luta contra a covid-19 na OMS, em alusão à cepa indiana.
Na ocasião, a doutora ressaltou, porém, que faltam muitas pesquisas sobre essa variante, "para saber a quantidade desse vírus que circula" e o grau de "severidade" com que atenua a resposta dos anticorpos.
"Não temos nada que sugira que nossos diagnósticos, medicamentos e vacinas não estejam funcionando. E isso é importante", frisou, insistindo ainda que é preciso continuar a aplicar medidas sanitárias para evitar novos contágios.
Primeiro registro no Maranhão
O governo do Maranhão confirmou nesta quinta-feira, o primeiro caso de covid-19 provocado pela variante do coronavírus B.1617, originada na Índia. Ela foi identificada em um indiano de 54 anos que deu entrada em um hospital da rede privada em São Luís. na sexta-feira (14). Ele era um tripulante do navio MV Shandong da ZHI, embarcação que veio da Índia.
A notícia foi dada pela Secretaria de Comunicação (Secom) após coletiva de imprensa realizada nesta manhã com o secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula. Mais informações sobre medidas preventivas e de contenção ainda serão divulgadas pela pasta.
A suspeita de que o paciente poderia ter a nova cepa surgiu após o homem apresentar sintomas de coronavírus e dar entrada na rede hospitalar. No primeiro comunicado, divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) no domingo, a pasta informou que foi alertada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo as informações divulgadas, um teste já havia confirmado o diagnóstico, mas ainda não havia sido identificada qual cepa do coronavírus causou a doença. Uma amostra do vírus foi enviada ao Instituto Evandro Chagas, em Belém, no Pará, para realizar o sequenciamento genômico.