Assessor do Ministério da Saúde alegava vírus em computador para demorar a responder à Pfizer
A farmacêutica alertou que se o Brasil demorasse para responder, as doses reservadas poderiam ser vendidas a outros países
O coronel do Exército, Elcio Franco, número dois do Ministério da Saúde (MS) durante a gestão de Eduardo Pazuello, afirmou em e-mail enviado à farmacêutica Pfizer que a demora no retorno das propostas de vacinas contra a covid-19 feitas pela empresa foi devido a um vírus na rede de computadores da pasta. A mensagem foi enviada somente em 10 novembro de 2020. No texto, Elcio alega enfrentar problemas para analisar a proposta do laboratório. Cópia do e-mail foi enviada à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.
Um dia antes do envio do e-mail, a Pfizer havia enviado ao ministério um documento informando os dados primários de eficácia do seu imunizante. Durante o final do ano passado, o MS disse ter encontrado indícios de que os sistemas da pasta tinham sido alvos de ataques cibernéticos. Ocorreram interrupções e até queda nas bases de dados da pasta. O secretário informou não ter recebido os anexos com dados logísticos sobre a vacina.
Elcio Franco foi convocado para depor na CPI, mas se recupera de infecção pola covid-19. O depoimento estava marcado para a próxima quinta-feira (27), porém, devido às condições de saúde, foi adiado.
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"Informo que, em virtude de um problema de vírus em nossa rede do Ministério da Saúde, estamos com uma série de dificuldades de conexão em rede e abertura de e-mails, o que dificultou ou até impediu o acesso aos arquivos enviados até a presente data, assim como sua respectiva análise", escreveu o secretário.
A farmacêutica alertou que se o Brasil demorasse para responder, as doses reservadas poderiam ser vendidas a outros países. O diretor destaca a necessidade de "confirmação urgente".
O e-mail da Pfizer, obtido pela TV Globo, continha a seguinte mensagem: "É com imensa alegria que compartilho a notícia que acaba de ser divulgada globalmente pela Pfizer hoje. Dados da primeira análise realizada do estudo de fase 3 da nossa potencial vacina contra a Covid-19 indicam uma taxa de eficácia acima de 90%, 7 dias após a segunda dose. Isso significa que a proteção é alcançada 28 dias após o início da vacinação, que consiste em um esquema de 2 doses, sendo que não houve nenhuma preocupação séria de segurança", escreveu um dos diretores da farmacêutica.
"Devido às notícias de hoje, a procura de doses está aumentando, e se não respondermos em breve, outros países que estão na iminência de fechar um acordo estão propensos a solicitar mais doses, o que incluiria as que estão agora alocadas para o Brasil no primeiro semestre. Por isso nossa urgência", disse o diretor empresa.