'Pedi a Deus que ele se transformasse em uma outra pessoa', diz parente de uma das primeiras vítimas sobre 'serial killer do DF'
À época, Lázaro tinha 19 anos e teria assassinado duas pessoas
Antes do baiano Lázaro Barbosa Sousa, de 33 anos, predominar nos recentes noticiários policiais do país como o “serial killer do DF” - termo utilizado por internautas para se referir sobre o caso -, o parente de uma de suas primeiras vítimas chegou a acreditar na regeneração dele. “Com o tempo, achei que ele se tornaria uma pessoa melhor”, disse um familiar de Manoel Desidério de Novaes, o Manoel de Paulo, uma das pessoas que Lázaro matou em 2007 na cidade onde nasceu, em Barra do Mendes, região noroeste do estado.
À época, Lázaro tinha 19 anos e assassinou também o enteado de Manoel, José Carlos, o Carlito. Ambos foram mortos a tiros quando tentavam livrar uma jovem que era perseguida pelo matador no povoado de Melancia. Atualmente, mais de 200 policiais do Distrito Federal caçam Lázaro, que neste mês deixou um rastro de terror: matou quatro pessoas de uma mesma família em Ceilândia no último dia 9 de junho e baleou outras três pessoas em Goiás dias depois.
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Em 2007, quando cometeu seus primeiros homicídios, Lázaro se escondeu na serra de Barra do Mendes, mas acabou se entregando para a polícia quase 15 dias depois. Ele ficou preso na cidade vizinha de Irecê. No mesmo ano ele fugiu. “Soubemos que ele foi para Goiás, onde vive o pai até hoje e outros parentes. Quando ele saiu daqui, pedi a Deus que ele se transformasse em uma outra pessoa, inclusive, fiquei sabendo que ele havia constituído uma família por lá, que teve uma filha. Uma família é capaz de mudar as pessoas. Mas isso não serviu de nada, ele não mudou nada”, declarou o parente ao CORREIO, por telefone, nessa terça-feira (15).
Em 2013, quando respondia a um processo por roubo, porte de arma de fogo e estupro na cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, um laudo criminológico apontou que o maníaco tem características de personalidade como "agressividade, ausência de mecanismos de controle, dependência emocional, impulsividade, instabilidade emocional, possibilidade de ruptura do equilíbrio, preocupações sexuais e sentimentos de angústia".
“Quando ele foi preso por estupro em Corumbá, o diretor do presídio disse que ele é uma pessoa violenta e que não tinha regeneração. Depois ele foi para a Papuda (Complexo Penitenciário da Papuda, no DF) e alguns anos depois só piorou. Ainda assim, acreditava que poderia mudar de vida e agora está em todos os jornais sendo procurado por tantas mortes”, contou o parente de Manoel.
Apesar dos crimes em Barra do Mendes, o entrevistado disse que não tem raiva ou qualquer outro sentimento ruim em relação a Lázaro. “Ódio, raiva, já senti, e muito, mas agora que ele pague pelo o que fez, só isso. Só desejo que ele resolva a vida dele por lá, que ele pague por lá, que não venha nunca mais para cá”, declarou. O CORREIO tentou localizar os parentes de José Carlos, mas sem sucesso.
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Já era conhecido assim na Bahia
Lázaro é natural de Barra do Mendes, cidade na região noroeste da Bahia. Foi lá que ele começou sua jornada de crimes quando tinha 19 anos, ainda em 2007. Seus primeiros assassinatos foram dois homens que tentavam proteger uma garota que ele perseguia por estar supostamente "apaixonado".
Após o duplo homicídio, a história foi parecida com a que vivemos hoje. Durante 15 dias, ele fugiu se escondendo pelas matas e grutas da região. A caçada só terminou quando ele resolveu se entregar para a polícia.
A capacidade de ele se esconder, aliada à violência dos crimes, criou um boato na cidade de que Lázaro havia feito um pacto com o diabo, mesma história contada atualmente.
“A polícia de todo o canto veio atrás dele, mas não o encontrou. O povo dizia que ele tinha feito um pacto com o diabo e virava toco e por isso não era visto. Isso quem contava era o povo da roça, mas a gente sabe que isso tudo é medo. A região é cheia de gruta e ele aproveitava para se esconder. Ele só se entregou à polícia porque estava com fome e uma hora poderia ser morto”, explica uma moradora de Barra do Mendes.
Quando ainda estava escondido na serra, Lázaro usava uma tática para despistar a polícia. Ele usava os chinelos ao contrário, assim produzia pagadas para o sentido contrário que estava indo. “Ele amarrava os pés no lado contrário que as pessoas usam as sandálias, assim fazia uma falsa trilha que levada os policiais para mais distante dele”, relatou.
Crime no DF
200 policiais, sete dias de perseguição e um rastro de sangue pelo caminho. A caçada pelo baiano Lázaro mobiliza a polícia do Distrito Federal após a chacina de uma família em Ceilândia no ultimo dia 9 de junho.
Naquele dia, o suspeito invadiu uma chácara - segundo a investigação, a ideia era roubar a família, mas o crime virou algo muito mais sanguinolento. A empresária Cleonice Marques, 43, teria percebido a ação do bandido e avisado aos familiares. Lázaro então matou o marido e os filhos dela, Cláudio Vidal, 48, e Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15. Após o triplo homicídio, ele fugiu levando a empresária, que foi feita refém. A mulher ainda conseguiu ligar para o irmão, que chegou à casa e encontrou os três corpos, mas já não achou Cleonice.
A empresária foi encontrada morta três dias depois, no sábado (12). O corpo estava em um córrego próximo a Sol Nascente, também no Distrito Federal. O cadáver estava sem roupa e com diversos cortes. Exames vão determinar se houve violência sexual.
Desde então, já são seis dias de buscas intensas da polícia do DF por Lázaro. Dois esconderijos onde ele se escondia para cometer crimes em propriedades da região do Incra 9 foram descobertos pela polícia. Todos são em região de mata, comprovando a fama de "mateiro" experiente de Lázaro. Foram encontrados lona, colchões, roupas, calçados e garrafas de água. Ele costumava ficar nesses pontos antes dos crimes. O corpo de Cleonice estava a cerca de 10 minutos de um dos esconderijos.
Lázaro também praticou outros crimes no DF antes. Segundo a polícia, ele é acusado por roubo, estupro e porte ilegal de arma de fogo no DF e em chácaras do estado de Goiás. Ele chegou aser preso em 8 março de 2018, pelo Grupo de Investigações de Homicídios de Águas Lindas, mas fugiu do presídio quatro meses depois, no dia 23 de julho. Desde então, Lázaro estava foragido também no DF.