Serial Killer do DF: Fuga de Lazaro mobiliza 300 policiais e aterroriza cidade em Goiás
Lázaro Barbosa, natural da Bahia, já havia sido preso em 2011 por roubo e estupro e fugiu da prisão em 2016. Foi recapturado e fugiu novamente, em 2018, de um presídio na cidade vizinha de Águas Lindas
A busca por um homem suspeito de vários assassinatos transformou uma pequena comunidade do centro-oeste do Brasil em cenário de uma operação que já dura duas semanas e mobiliza quase 300 policiais. Na internet, Lázaro Barbosa está sendo chamado de "serial killer do DF".
"Com qualquer barulho, entramos em pânico. Ficamos apavorados", diz Aurizênia Batista da Silva, moradora de Girassol, em Goiás, a 75 quilômetros de Brasília.
Nesta comunidade pacata, integrada ao município de Cocalzinho de Goiás, há quinze dias só se fala em Lázaro Barbosa, o fugitivo de 32 anos, que deixou um rastro de medo e mortes.
"Alguns dizem que esse homem é o próprio diabo", diz Silva, que confessa estar tomando remédios para controlar a ansiedade.
Para José Sivaldo, pequeno produtor rural da região próxima ao rio onde se concentra a busca por Barbosa, a presença do homem apelidado de "serial killer de Brasília" tem sido "pior que a pandemia de covid", porque o medo afastou seus filhos, netos e clientes.
Lázaro Barbosa, natural da Bahia, já havia sido preso em 2011 por roubo e estupro e fugiu da prisão em 2016. Foi recapturado e fugiu novamente, em 2018, de um presídio na cidade vizinha de Águas Lindas.
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A atual caçada começou no dia 9 de junho, depois que uma família de uma área rural da região foi morta a facadas.
A polícia acredita que Barbosa cometeu os quatro crimes.
Desde então, são muitos os relatos de encontros com o fugitivo, de tentativas de sequestro, tiroteios, roubos, invasões de propriedades e tomada de reféns.
A dificuldade da polícia em prendê-lo alimentou mitos sobre as proezas de Barbosa, além de memes e piadas nas redes sociais.
"Meu dinheiro é como o Lazaro, difícil de encontrar", escreveu um usuário no Twitter.
"A polícia atrás de Lázaro sou eu quando perco algo em casa", disse outro na terça-feira.
A gigantesca operação policial conta com drones, helicópteros e cães farejadores.
Os agentes são vistos em todos os cantos da cidade, embora para alguns a operação tenha se tornado uma fonte de medo e revelado outras tensões.
Tata Ngunzetala, da casa de candomblé Angola-Kongo em Águas Lindas, afirma que, depois que a imagem de Barbosa foi indevidamente associada às religiões de matrizes africanas, uma dezena de locais de culto na região foram alvo de batidas policiais.
"Aqui, mais de 40 homens pularam o muro, verificaram meu telefone e meu computador sem mandado, apontaram fuzis para mim e nos acusaram de encobrir Lazaro", disse Ngunzetala à AFP.
"Nossas tradições não estão relacionadas a atos criminosos. (...) Mas eles nos atacam de forma vil e racista, sob o falso pretexto de servir de abrigo para os fugitivos", denunciou um comunicado de representantes de religiões de origem africana lançado em 19 de junho.
A secretaria de segurança goiana garante que o foco da operação é "a captura do criminoso e o restabelecimento da paz à população".
Para Aurizênia da Silva, a paz é um conceito distante agora: "Nossa cidade é calma e de repente tudo isso acontece. Não temos paz para dormir nem para sair de casa".