DESPEDIDA

Corpo do indigenista Bruno Pereira chega a Pernambuco, onde será cremado

O corpo do indigenista recifense Bruno Pereira foi entregue à família pela Polícia Federal às 18h36 desta quinta-feira (23)

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Amanda Azevedo

Publicado em 23/06/2022 às 19:45 | Atualizado em 24/06/2022 às 6:53
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Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil 

Após a conclusão da perícia pelo Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, o corpo do indigenista recifense Bruno Pereira, 41 anos, chegou à capital pernambucana em um avião da Polícia Federal (PF), às 18h36 desta quinta-feira (23)

A despedida ao servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), que foi assassinado com o jornalista britânico Dom Phillips na região do Vale do Javari, Amazonas, ocorrerá nesta sexta (24), no cemitério Morada da Paz, em Paulista, Grande Recife. O velório está marcado para as 9h, com a presença de povos indígenas pernambucanos. À tarde, às 15h, o corpo será cremado.

Bruno deixou Pernambuco em meados dos anos 2000 para seguir o sonho de trabalhar na Amazônia. Casado com a antropóloga Beatriz Matos, o indigenista deixa três filhos.

Investigação do assassinato de Bruno e Dom

Os restos mortais de Bruno e Dom ficaram seis dias em Brasília. As perícias foram concluídas nesta quarta (22), em prazo bem mais curto que o padrão para procedimentos semelhantes. Geralmente, os testes duram entre 30 e 60 dias.

Os peritos fizeram exames de DNA, impressão digital e antropologia forense - método que analisa características físicas, como estrutura óssea.

A PF reiterou que todos os testes realizados confirmaram a identidade de Bruno e de Dom. Em nota, a corporação também confirmou que não há restos mortais de outra pessoa.

"Os trabalhos dos peritos do Instituto Nacional de Criminalística continuarão nos próximos dias concentrados na análise de vestígios diversos do caso", diz o comunicado.

Os peritos também concluíram que eles foram assassinados a tiros: Bruno foi baleado três vezes, na cabeça e no tórax, e Dom uma vez, no peito.

Até o momento, os investigadores identificaram oito suspeitos de envolvimento nos assassinatos. Três deles estão presos temporariamente: Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, que confessou o crime e indicou o local onde os corpos foram enterrados, a cerca de três quilômetros da margem do rio Itaguaí; o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos; e Jeferson da Silva Lima, conhecido Pelado da Dinha, que se entregou na Delegacia de Atalaia do Norte. 

Nesta quinta (23), a Polícia Civil de São Paulo anunciou a prisão de mais um suspeito. Trata-se de Gabriel Pereira Dantas, que se apresentou espontaneamente a policiais no centro da capital paulista, por volta das 6h desta quinta.

"A versão desta pessoa tem fundamento. Ele realmente é de Manaus. Relata com muita riqueza de detalhes o que fez durante o período em Atalaia do Norte. E ele relata que acompanhou esse indivíduo, chamado Pelado, e participou dos atos que culminaram na morte dessas duas pessoas", declarou o delegado Roberto Monteiro, da Delegacia Seccional do Centro.

O trabalho de investigação do crime continua em duas frentes. No Amazonas, o comitê de crise criado para encontrar Bruno e Dom continua em busca de elementos que possam ajudar a esclarecer a dinâmica do crime.

O próximo passo é a análise da embarcação usada pelo indigenista e pelo repórter quando eles foram assassinados. O barco, afundado pelos criminosos, foi encontrado na noite do último domingo, 19 de junho. Em Brasília, os peritos examinam as provas colhidas a partir dos exames nos restos mortais.

A última viagem de Bruno e Dom

A última viagem de Bruno, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), pela Amazônia começou pelo Alto Curuçá, no Acre, em 21 de maio, a bordo de um outro barco, o dos marubos da aldeia Maronal. Ele vinha orientando membros dessa etnia, moradores da floresta, sobre como fazer as "picadas" - a "limpeza" dos limites da terra indígena.

O barco no qual morreu foi assumido por Bruno em Atalaia numa sexta-feira, 3 de junho, no dia seguinte ao fim da primeira perna da viagem. No porto da cidade que dá acesso ao Vale do Javari, localizada às margens do rio de mesmo nome na fronteira com o Peru, Dom Phillips subiu a bordo para uma nova bateria de entrevistas com indígenas para o livro que vinha produzindo e para conhecer a equipe de vigilância indígena criada por Bruno.

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