SAÚDE

Vacinação infantil contra a covid-19 tem ritmo lento no Brasil

De cada três crianças com idade entre 3 e 11 anos, apenas uma está com a imunização completa contra a covid-19

JC
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Publicado em 12/08/2022 às 19:56 | Atualizado em 13/08/2022 às 1:18
JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
Para crianças de 3 a 5 anos, a vacinação foi liberada em 13 de julho pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - FOTO: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
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Com Estadão Conteúdo

A vacinação infantil contra a covid-19 tem avançado em ritmo lento. De cada três crianças com idade entre 3 e 11 anos, uma está com a imunização completa, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa. Metade das crianças dessa faixa etária não recebeu sequer uma dose.

Por trás do problema está a falta de doses disponíveis, o que fez cidades interromperem a aplicação, e a hesitação de parte dos pais. No Distrito Federal e na cidade do Rio, a vacinação na faixa etária de 3 e 4 anos foi interrompida por falta de produtos.

O Ministério da Saúde informou que está em tratativas com fornecedores. Até a última quarta-feira (10), 13,5 milhões (51,14%) de crianças haviam sido imunizadas com a primeira dose.

A população nessa faixa etária é de 27 milhões. Já a segunda dose foi aplicada em 8,7 milhões (32,97%).

Para crianças de 3 a 5 anos, a vacinação foi liberada em 13 de julho pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ainda não há um recorte estatístico.

Na faixa etária de 12 a 17 anos, o índice de totalmente vacinados está em 53,8%, mas distante da média nacional. No País, da população vacinável (78,82% do total), 84,59% estão totalmente imunizados, embora 56,68% tenham recebido a dose de reforço.

PREVISÍVEL

Conforme o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), Juarez Cunha, já vinha sendo observada uma preocupante baixa na cobertura vacinal entre os mais jovens, agora agravada pela falta de vacina para crianças.

"Isso era previsível, pois quando foi licenciado o uso o Ministério da Saúde não estava fazendo compras e os estoques eram baixos. As notícias que nos chegam de vários lugares são de falta de vacina."

Na terça, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio paralisou a vacinação de crianças de 3 e 4 anos com a primeira dose, alegando que o Ministério da Saúde não enviou novos aportes de Coronavac solicitados desde o mês passado.

"A aplicação da segunda dose para este público, prevista para iniciar em 13 de agosto, está garantida com a vacina reservada especificamente para esse fim", disse a pasta.

De 15 de julho a 8 de agosto, as unidades de saúde do Rio vacinaram 39.319 crianças dessa idade com a Coronavac. Quando a imunização desta faixa etária foi aprovada, o município tinha doses em estoque, o que permitiu o início imediato. Com a primeira dose, foram vacinadas apenas 25% das crianças de 3 e 4 anos.

No Distrito Federal, a aplicação da primeira dose contra covid-19 para crianças de 3 e 4 anos está suspensa desde o dia 3, por falta de Coronavac, único imunizante aprovado pela Anvisa. Segundo a pasta, há apenas 4 mil doses, todas para segunda aplicação.

Conforme o governo estadual, Mato Grosso atrasou o início da vacinação por falta de vacina. Das 113.328 crianças a serem imunizadas, 1.176 (1,04%) receberam a primeira dose.

No Piauí, o índice de vacinação nessa faixa etária é de 2,37%. Em Maceió, a vacinação não andou: de 58.535 crianças na fila, só duas foram vacinadas por terem comorbidade.

Para o presidente do departamento científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, há 5,8 milhões de crianças na faixa de 3 a 5 anos e são necessárias quase 12 milhões de doses. "Não temos isso no Brasil." E lembrou que a Pfizer submeteu para aprovação a vacina dela para crianças de 6 meses a 4 anos. "Se vai ser aprovada, já devia ser motivo de o Ministério comprar essas doses."

Para o dirigente da SBim, o número baixo de crianças vacinadas é também consequência de desinformação e fake news.

"Houve a propagação de notícias falsas sobre efeitos das vacinas, além de o Ministério da Saúde ter desestimulado a vacinação na infância. Se já tínhamos a hesitação dos pais, a partir do momento em que eles recebem recados de desconfiança sobre a vacina, isso afeta as coberturas vacinais. O início da vacinação de adolescentes foi desastroso."

HESITAÇÃO

A diarista Isaura Batista, de 44 anos, moradora da Vila João Romão, em Sorocaba, interior paulista, só levou a filha Victória, de 7 anos, para vacinar porque a escola exigiu.

"Eu estava com medo de vacinar porque falaram que podia dar efeito ruim nela, pois teve caso de criança que ficou doente. Como a escola pediu, eu levei e ela recebeu a primeira dose."

A dona de casa Geovana Rafaela Oliveira, de 22 anos, residente na Vila Zacarias, outro bairro da cidade, ainda não vacinou o filho mais velho, o menino Kauã, de 4 anos.

"Não sabia que tinha chegado a vez dele. Estive no posto para tomar minha segunda dose, que estava atrasada, mas não vi nenhuma informação sobre a vacinação para os mais pequenos." 

Vacinação de crianças em Pernambuco

Representantes do Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação e gestores municipais reuniram-se nesta sexta-feira (12) com a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) para definição do avanço da campanha de vacinação contra a covid-19 no Estado.

A partir de agora, meninos e meninas com 3 anos de idade podem ser imunizados contra a doença. A ampliação foi possível diante da presença de doses da vacina Coronavac nos estoques das cidades pernambucanas.

No Estado, 149.786 crianças com 3 anos de idade estão aptas a receber as duas doses da vacina, com intervalo de 28 dias entre elas.

Recife

A imunização das crianças a partir de 3 anos poderá ser feita sem necessidade de agendamento, a princípio, nos quatro centros de vacinação, que funcionam de domingo a domingo, e estão montados no Sítio Trindade, em Casa Amarela; no Shopping Boa Vista, na área central da cidade; e no Shopping Recife e Parque Dona Lindu, ambos em Boa Viagem.

Para receber o imunizante, é preciso realizar o cadastro da criança no site ou aplicativo do Conecta Recife. Segundo estimativa do Ministério da Saúde, baseada no IBGE, a capital pernambucana tem 21.495 crianças deste grupo - das quais 4.325 já estão inseridas na plataforma.

A partir da próxima segunda-feira (15), a vacinação das crianças nesta faixa etária também estará disponível por demanda espontânea nas mais de 150 unidades de saúde da rede municipal da Secretaria de Saúde que também aplicam a vacina anticovid. Estes locais funcionam de segunda a sexta, das 8h às 16h. 

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