Justiça

PM acusado de matar Marielle Franco é condenado por comércio ilegal de arma de fogo

Ministério Público e a Polícia Civil encontraram, em uma residência no Méier, diversas caixas pertencentes ao ex-PM, com componentes de fuzil que seriam posteriormente montados, dando origem a 117 armas

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Katarina Moraes

Publicado em 09/09/2022 às 7:41
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Com Agência Brasil

O ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado pela morte da vereadora Marielle Franco, foi condenado, nessa quinta-feira (8), a 13 anos e seis meses de prisão, por comércio ilegal de arma de fogo. A sentença foi proferida pela 40ª Vara Criminal da Capital.

No dia 12 de março de 2019, logo após prenderem Ronnie pela morte de Marielle e do seu motorista, Anderson Gomes, o Ministério Público e a Polícia Civil encontraram, em uma residência no Méier, diversas caixas pertencentes ao ex-PM, com componentes de fuzil que seriam posteriormente montados, dando origem a 117 armas.

Na época, Ronnie argumentou que seriam para montar armas de airsoft. Porém, a Justiça entendeu que tais peças seriam para usar em armas reais. "Assim, tem-se que não só não havia dentre os materiais apreendidos peças exclusivas de airsoft, como os ferrolhos apreendidos são peças de uso exclusivo para arma de fogo", destacou um dos trechos da decisão."

"Nesse ponto, destaca-se que o delegado da Desarme, em suas declarações em sede judicial, explicou que, apesar de as demais peças não serem exclusivas de fuzis, podendo ser utilizadas para a montagem de airsoft também, pela qualidade do material pode-se afirmar que seriam utilizadas para a produção de fuzis reais. Isso porque, financeiramente, não compensaria comprar peças de qualidade e resistência suficientes para efetuar disparos com munição verdadeira, para montar fuzis de airsoft", disse o texto.

A sentença também ressaltou que a narrativa das peças apreendidas servirem para a montagem de armas de airsoft não constava das declarações prestadas por Ronnie quando de sua prisão em flagrante.

"A delegada da Divisão de Homicídios foi firme ao narrar que, no dia de sua prisão em flagrante, Ronnie teria confessado informalmente o crime, esclarecendo que em dezembro de 2018, quando começaram a ser divulgadas as operações do caso do assassinato da vereadora Marielle, no qual ele constava como investigado, começou a distribuir as peças das armas por vários endereços, deixando no Méier algumas caixas, como um subterfúgio para que nenhuma arma inteira fosse encontrada", diz outro trecho da sentença.

Em nota para a Agência Brasil, a defesa de Ronnie Lessa afirmou que buscará instâncias superiores, já que considera que não houve crime. "Não houve uma valoração jurídica correta em relação a Ronnie. A Defesa vai às instâncias superiores para buscar a justiça completa, que é a absolvição de Ronnie, pois a conduta imputada a ele não configura crime", disse o advogado Bruno Castro, que defende o ex-PM.

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