Censo 2022

Recusa da população em responder o questionário, atrasou o resultado do Censo Demográfico do IBGE 2022

A previsão do IBGE era que o Censo fosse concluído em um prazo de três meses e tivesse o resultado divulgado em outubro de 2022. Com a recusa da população em responder, nova data de conclusão está prevista para abril

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 02/02/2023 às 16:54 | Atualizado em 02/02/2023 às 17:07
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CONTRATAÇÃO No fim de outubro, em média 90,5 mil recenseadores estavam nas ruas coletando dados - FOTO: DIVULGAÇÃO

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quinta-feira (2), que pretende divulgar o resultado final do Censo Demográfico 2022, no mês de abril. Quando iniciou o recenseamento, em agosto de 2022, a expectativa do IBGE era apresentar o resultado em outubro, mas a recusa da população em responder o questionário comprometeu o prazo. 

Agora, o IBGE trabalha para reduzir a taxa de recusa e concluir o Censo. No País, a taxa média de recusa chega a 2,43%; mas aumenta bastante em Estados e cidades com maior concentração populacional. São Paulo, por exemplo, lidera o ranking entre os estados com taxa de recusa de 4,49%. Isso quer dizer que em cerca de 720 mil domicílios, o morador se recusou a prestar informações ao IBGE. 

Tânia Rêgo/Agência Brasil
COLETA Atualmente estão em campo 144.634 recenseadores, 78,8% do total de vagas disponíveis para o trabalho - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em Pernambuco, a situação é melhor. O Estado aparece apenas em 14º lugar no ranking dos que mais se recusaram a responder o questionário, com taxa de 1,90% (abaixo da média nacional). Já no Recife, a taxa sobe para 2,9%.

Municípios do interior do Estado, como os sertanejos Santa Filomena e Dormentes, também chamam atenção pelo grande número de moradores que não responderam o questionário. Enquanto em Pernambuco, 96,9% já responderam; em Dormentes apenas 11,6% foi concluído e 88,4% está em andamento. A situação se repete em Santa Filomena, onde 12,5% foi concluído e ainda falta 87,5%. 

      

DESAFIO NA RETA FINAL 

O coordenador técnico do Censo, Luciano Duarte, relata que várias formas de recusas foram observadas durante a operação. Ele menciona que há, já no treinamento dos recenseadores, instruções para identificar quando há pessoas morando na casa. “Ele vai, por exemplo, avaliar se tem cachorro em casa, se tem planta, se tem roupa no varal e, a partir daí, vai ter um indicativo de que, embora não tenha ninguém em casa naquele momento, aquele domicílio é uma unidade habitada”, diz.

“Em algumas situações durante a abordagem o recenseador percebe que tem gente em casa, mas a pessoa não quer atender. Ou então o recenseador deixa uma folha de recado na caixa dos correios ou por debaixo da porta, mas não tem retorno. São situações de recusa velada”, completa.

Em outros casos, o morador chega a atender o recenseador, mas pede que ele retorne em outro momento e, após sucessivas voltas em horários alternativos, recebe a mesma resposta. Essa situação também é considerada pela equipe técnica do Censo como uma forma velada de recusa.

RECUSA É MAIOR EM BAIRROS DE ALTA RENDA

Há ainda outra forma de recusa: quando a rejeição não parte do morador, mas do próprio condomínio. “Para o recenseador conseguir abordar um apartamento, é preciso passar por uma portaria ou ter autorização do síndico, do porteiro ou da administração do prédio. Uma situação que ocorre em áreas mais nobres, como a Zona Sul do Rio ou alguns bairros de classe alta em São Paulo e de outros Estados, é o impedimento da entrada dos recenseadores”.

Em Pernambuco, uma reportagem de TV mostrou a dificuldade de os recenseadores serem atendidos nos condomínios da beira mar de Boa Viagem. Para reverter essa situação, os técnicos do IBGE elaboraram um protocolo que deve ser seguido pelo recenseador e pela coordenação local.

“Há um modelo de ofício a ser entregue aos síndicos ou à representação dos condomínios. Quando esse documento não tem efeito prático, o recenseador é instruído a recorrer à polícia local. Essa é a recomendação porque, por lei, ninguém pode impedir uma unidade habitacional de responder ao Censo. Há situações em que uma pessoa tenta impedir um condomínio inteiro de participar do Censo”, afirma.

RESULTADOS ATÉ 31 DE JANEIRO

Desde o início da operação, em 1º de agosto, até o dia 31 de janeiro, foram recenseadas 185.827.709 pessoas, em 65.657.749 domicílios no País. Isso representa cerca de 89,45% da população do País, de acordo com o resultado prévio (207,8 milhões de pessoas). Já em relação ao número estimado, de 213,3 milhões, esse contingente de recenseados corresponde a 87,11%.

A cobertura completa dos setores censitários foi praticamente toda concluída em janeiro de 2023. Em fevereiro e março, permanecerá em andamento o processo de revisão, controle de qualidade e apuração do Censo, com tentativas de reversão de recusas, revisitas a domicílios com morador ausente para realização de entrevistas, além de verificação de domicílios vagos, de uso ocasional, possíveis duplicidades e omissões e preparação para divulgação.

A previsão é de que o IBGE divulgue os resultados definitivos do Censo referentes à população dos municípios em abril de 2023.

 

 

 

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