O Jardim Secreto do Poço da Panela, sugerido por moradores do histórico bairro da Zona Norte do Recife para uma área às margens do Rio Capibaribe, começou a ser implantado em agosto último. Localizado no trecho final da Rua Marquês de Tamandaré, o terreno recebeu as primeiras plantações – dois tipos de milho, dois de feijão e um de jerimum – nos canteiros organizados em formato de mandala.
Quem passar pelo local, daqui a um mês, verá os pés de feijão e de milho já crescidos. “São plantas que oxigenam a terra”, diz o produtor cultural Antônio Pinheiro, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Poço da Panela (Amapp). A proposta da entidade é reflorestar o terreno com plantas nativas da mata atlântica (ornamentais e frutíferas), ervas medicinais e hortaliças para serem compartilhadas.
Com a iniciativa, moradores do bairro antecipam mais uma etapa do Parque Capibaribe, projetado pela prefeitura para ocupar as duas margens do rio no município do Recife, numa extensão de 30 quilômetros (15 em cada margem).
O coletivo responsável pelo projeto do Jardim Secreto tem feito reuniões para definir as espécies a serem plantadas. Antônio Pinheiro avisa que a vegetação existente no terreno, de três mil metros quadrados, será mantida: ipê, flamboaiã, pau-brasil, aroeira, goiabeira, manga, coqueiro, bananeira, bambu, dendê e castanhola. A Autarquia Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) recolheu o lixo acumulado no local.
“Estamos montando grupos de trabalho temáticos. Há equipes para definir as plantas, para se encarregar da irrigação e do tratamento do solo e para cuidar do lazer e educação”, declara Antônio Pinheiro. Uma das atividades de lazer prevê um cineclube para projetar filmes na margem do rio, usando tecido como tela. “É uma ideia embrionária, mas muito real, temos cineasta no nosso coletivo”, observa o produtor cultural.
A Emlurb fez a limpeza do terreno, a capinação e a poda de árvores na sexta-feira da semana retrasada. O coletivo organizou o futuro jardim no sábado 19 de agosto e fez o plantio no dia posterior. “Estamos construindo uma sementeira e criamos a nossa composteira, para adubar as plantas com húmus. Pretendemos falar com moradores dos dois condomínios próximos para pegar material orgânico produzido nos prédios e usar na compostagem”, informa Antônio Pinheiro.
Ter um financiamento coletivo para monitorar o Jardim Secreto também está nos planos do coletivo. O fundo servirá para abrir o poço de irrigação das plantas, pagar o técnico que vai acompanhar a espécies e garantir a infraestrutura. “Além da limpeza do terreno e da poda das árvores, contamos com o apoio da prefeitura na instalação de dois postes de iluminação e na doação de composto orgânico e pedras de meio-fio que usaremos em ações diversas”, revelou.
Barqueiro no Capibaribe, Antônio José da Cunha, que faz a travessia de passageiros entre as margens do rio, do Poço da Panela para a Iputinga, bairro da Zona Oeste recifense, elogia a iniciativa. “Isso vai ser muito interessante. Só a limpeza já deu outra vida ao lugar. A melhoria é grande até na segurança. Os clientes já passam com menos receio”, comenta Antônio José, conhecido como Pai do bote. O barco funciona das 4h30 às 19h, todos os dias. “Será uma maravilha colher folhas de capim-santo da horta, lavar e fazer o chá, quando o jardim estiver pronto”, destaca o barqueiro. O serviço funciona há quase 70 anos.
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