Os golfinhos rotadores do Arquipélago de Fernando de Noronha estão tendo seu material genético analisado por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Traçar o DNA deles, segundo o grupo responsável pela pesquisa, é importante para monitorar a diversidade genética da espécie, possibilitando a preservação, e identificar as diferenças entre os rotadores que vivem na ilha e no restante da costa brasileira.
Foram cinco dias de coleta, utilizando um método pouco invasivo, que consiste em esfregar uma esponja - presa na extremidade de um bastão - no dorso do animal. Ali ficam presas amostras de pele, que posteriormente são analisadas em um laboratório na UFES. A expedição é realizada duas vezes por ano pelo Projeto Golfinho Rotador, coordenado pelo professor José Martins. Desde o início da pesquisa, há 15 anos, algumas informações importantes sobre a espécie já foram descobertas.
“Com nossas análises, já descobrimos que os golfinhos rotadores de Noronha estão divididos em dois grupos geneticamente diferentes. Um deles se assemelha aos demais rotadores encontrados no restante do Brasil. O outro, só é encontrado na ilha”, registra José Martins. Com as coletas realizadas em fevereiro, o grupo espera que novas características possam ser mapeadas e ajudem a incrementar o banco de dados genéticos da espécie, criado pelos integrantes do Projeto.
Segundo Martins, esta é a terceiro tipo mais comum de golfinho no mundo, no entanto, com a descoberta de um grupo específico de Noronha, é importante que sejam tomados cuidados para a preservação da espécie. “O grande crescimento do turismo de barco tem levado os golfinhos a elevadas mudanças comportamentais, além da notável diminuição do tempo de permanência deles na Baía dos Golfinhos e até mesmo a diminuição dos número de indivíduos. Apesar de a espécie em si não correr risco de extinção, é preciso ter cuidado já que estes rotadores vivem em condições muito específicas na ilha e qualquer impacto pode ser bastante representativo”, registra.
Amostras
Desta vez, foram coletadas 81 amostras. A parceria entre o Projeto Golfinho Rotador e a UFES já existe há 15 anos e toda a pesquisa é financiada pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Outras expedições de amostragem foram feitas nos anos de 2004, 2006, 2009 e 2012.
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