O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, criticou, nesta sexta-feira (18), a atuação do governo federal no desastre com óleo que atinge praias no Estado e em outros locais do Nordeste. De acordo com ele, as barreiras utilizadas na contenção da substância acabaram e a União ainda não providenciou o envio de novos materiais.
"Desde terça-feira (15), o comandante da Marinha aqui tem solicitado apoio do governo federal para receber mais barreiras de contenção. Na quinta-feira (17), solicitei ao ministro do Meio Ambiente, mas ainda não recebi retorno. Hoje, essas barreiras se esgotaram", explicou Bertotti.
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Diante do atraso na entrega de barreiras de contenção pelo governo federal, a administração estadual deve contratar fornecedores do material.
"A Área de Proteção Ambiental (APA) de Guadalupe precisa de 700 metros de barreira. Essas barreiras não chegaram, é bom que fique claro. Hoje, inclusive, tomamos a iniciativa de contratar, fizemos os orçamentos, temos a autorização do governador, e mais, o Ministério Público Federal disse o seguinte: podem contratar porque essa conta terá que ser paga em última instância, quando o governo federal descobrir quem foi o causador da mancha", afirmou o secretário.
O ministro do Meio Ambiente vem ao Estado, na próxima terça-feira (22), para discutir a questão do desastre ambiental com o governador Paulo Câmara, no Palácio do Campo das Princesas. A assessoria de imprensa do Ministério do Meio Ambiente também confirmou a vinda de um diretor do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), neste sábado (19).
MPF vê governo federal omisso
Por causa das manchas de óleo nas praias do Nordeste, o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou nova ação contra a União nesta sexta-feira (18). O processo requer que a Justiça Federal obrigue a União a acionar em 24 horas o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional. Os pedidos da ação judicial abrangem toda a costa do Nordeste.
Para o Ministério Público Federal, a União está sendo omissa ao protelar medidas protetivas e não atuar de forma articulada em toda a região dada a magnitude do acidente e dos danos já causados ao meio ambiente.
Dano ambiental em Pernambuco
Entre a quinta (17) e esta sexta-feira (18), foram atingidos locais nas cidades de São José da Coroa Grande, Barreiros, Tamandaré e Sirinhaém, no Litoral Sul.
"Nesta sexta-feira (18), foram seis praias em Pernambuco: Carneiros e Boca da barra, em Tamandaré, Mucambinhas, em Barreiros, Ilha de Santo Aleixo, A Ver o Mar e Guaiamum, em Sirinhaém. Essas praias receberam o toque de óleo e foi feito o trabalho de contenção e limpeza", disse o secretário.
"Os rios Persinunga, em São José da Coroa Grande, e Una, em Barreiros, e Rio Formoso, em Tamandaré, sofreram também o toque de óleo. No caso do Persinunga e do Una, já há barreiras de contenção para que o óleo não alcance os estuários. Estamos trabalhando também com barreiras de contenção no Rio Sirinhaém e no Rio Maracaípe, em Ipojuca, onde ainda não houve chegada de óleo", explicou Bertotti.
Neste sábado (19), o trabalho de monitoramento com sobrevoo pelo Litoral Sul continua.
"Amanhã de manhã vamos fazer a mesma movimentação, assim que o sol raiar e o tempo permitir, um monitoramento de helicóptero para identificar os pontos mais sensíveis para que possamos agir", afirmou o secretário.
Geofísico mestrando em Oceanografia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luis Tassinari afirmou que o impacto do derramamento é sem precedentes no País. "Esse tipo de acidente com esta magnitude e pela quantidade de áreas atingidas sem uma ligação direta com uma plataforma ou uma zona que está sendo perfurada para se encontrar óleo é inédito". Mesmo assim, outros vazamentos de óleo já foram registrados no Brasil e no Mundo.