PETRÓLEO CRU

Mourão diz que investigação sobre óleo no Nordeste está na reta final

A substância começou a aparecer nas praias do litoral nordestino no final de agosto

Editoria de Cidades
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Publicado em 31/10/2019 às 9:56
Foto: Bruno Campos/JC Imagem
A substância começou a aparecer nas praias do litoral nordestino no final de agosto - FOTO: Foto: Bruno Campos/JC Imagem
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O mistério em torno da origem do óleo que chegou ao litoral nordestino desde agosto pode estar perto de ter um fim. O presidente interino Hamilton Mourão afirmou nessa quarta-feira (30), após reunião com o comandante da Marinha, Eduardo Bacellar, que a investigação está na reta final e que o anúncio dos responsáveis pelo vazamento pode ser feito ainda esta semana. Segundo ele, o governo brasileiro chegou a um número de 11 navios que podem ter derramado combustível no litoral nordestino. Nessa quarta, manchas de óleo foram encontradas na Ilha de Itapessoca, em Goiana, no Litoral Norte pernambucano. O Estado já contabiliza 1.546 toneladas da substância recolhidas na costa.

O responsável pelo desastre, segundo Mourão, não estava com o transponder (equipamento que informa a posição da embarcação) desligado. De acordo com as autoridades, pelo que foi apurado, o navio responsável pelo derramamento não é ilegal e teria causado o incidente ao fazer uma ejeção de óleo para manter a estabilidade da embarcação.

“Acho que foi feita uma ejeção de porão ali, pela quantidade de óleo”, afirmou o presidente interino. “Se (o navio) está com problema de flutuação, de balanço, aí ele tira um pouco de óleo para ter estabilidade”, acrescentou.

O general da reserva informou ainda que foram recolhidos até o momento 2,5 mil toneladas de óleo e que um um navio transporta cerca de 250 mil toneladas, o que representa um 1%. “Tem que cobrar, tem que multar. Existe uma legislação do mar, existe um sistema de alerta em relação ao meio ambiente. Qualquer navio em que ocorra um acidente desta natureza tem que avisar. A legislação vai bater em cima dele”, afirmou Mourão.

Em Pernambuco, a substância atingiu sete quilômetros da Ilha de Itapessoca. O material foi retirado pelas mãos de voluntários, servidores públicos municipais, estaduais e federais. A ação teve início por volta das 9h da manhã, mas teve de ser interrompida à tarde por conta da subida da maré. Hoje, o trabalho de limpeza continua.

ESTUÁRIO

De acordo com o diretor de Meio Ambiente de Goiana, Jorge Ricardo Oliveira, as manchas remanescentes estão no estuário. “Só ficou um pequeno trecho localizado nos galhos de algumas raízes”, afirmou. “A gente conseguiu recolher praticamente todo o material. Não foi pro mar, e não ficou nada nas rochas”, ressaltou.

Além do voluntariado, participaram da ação agentes da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), da Defesa Civil de Goiana, do Corpo de Bombeiros e do Ibama. “A Marinha também passou por aqui oferecendo apoio, mas não foi necessário”, acrescentou Oliveira. Os civis receberam orientação e equipamento de proteção individual (EPI). A limpeza foi feita com buchas de estopa.

“Basicamente a gente fez uma raspagem com uma espátula e removeu com bucha. O óleo já estava seco, então foi fácil a remoção.” Segundo o tenente-coronel Marconni, do Corpo dos Bombeiros, a maior dificuldade é na parte do mangue.

Angustiados, pescadores da região formaram equipes de voluntários. Nos últimos três dias, os trabalhadores observaram as vendas caírem pela metade. “Ninguém quer mais comprar nossos pescados. Estamos numa situação difícil, não temos recurso para nosso alimento, muitos já estão passando necessidade”, lamentou a marisqueira Jaciana Barbosa.

De acordo com o governo do Estado, 47 praias pernambucanas e oito rios foram atingidos pelo óleo. O material recolhido foi encaminhado ao Centro de Tratamento de Resíduos Pernambuco, localizado em Igarassu, no Grande Recife.

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