Entrevista

Pró-reitor da UFPE não descarta paralisação de atividades após corte de R$ 55,8 milhões

Governo Bolsonaro anunciou corte de 30% no orçamento da instituição, o que representa R$ 55,8 milhões

Da editoria de Política
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Publicado em 03/05/2019 às 9:57
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Governo Bolsonaro anunciou corte de 30% no orçamento da instituição, o que representa R$ 55,8 milhões - FOTO: Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
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Atualizada às 17h42

Em entrevista à Rádio Jornal na manhã desta sexta-feira (03), o pró-reitor de Planejamento da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Thiago Galvão, alertou que caso o bloqueio de R$ 55,8 milhões anunciado pelo governo Bolsonaro permaneça, parte das atividades do segundo semestre poderão ser canceladas. 

"No primeiro semestre o impacto não será tão significativo, mas no segundo semestre pode, inclusive, inviabilizar as atividades. Esses é um processo que vai ser bem discutido junto com o Conselho Universitário, com a administração para ver que atividades serão paradas caso esse bloqueio continue", explicou Galvão. 

O corte representa 30% do total anual voltado para manutenção da universidade pernambucana e foi adotado na última quinta-feira (02) pelo governo federal, através do Ministério da Educação. "Além desses recursos bloqueados de manutenção, já vínhamos sofrendo com 90% de corte no investimento. Desde 2013 a 2019, nós temos uma redução de 90% do nosso orçamento de investimento, ou seja, nós não tínhamos recursos para adquirir equipamentos, mobiliários, construção de laboratórios. Isso prejudica bastante nossa atividades de ensino, pesquisa e extensão, sobretudo na graduação e nas pesquisas. Hoje, o bloqueio foi de 55% nesses 10% que restou", lembra. 

Do valor total bloqueado, R$ 50 milhões seriam referentes ao orçamento de manutenção da instituição de ensino superior e os R$ 5,8 milhões iriam para aquisições de equipamentos, construção de novos prédios, refrigeração de ambientes entre outros. 

"São 40 mil estudantes dentro da Universidade Federal de Pernambuco que dependem de ter energia dentro das salas de aula, que dependem que os equipamentos estejam em condições para realizar pesquisas, para poder concluir sua tese de doutorado, sua dissertação de mestrado", completa Galvão.

Além da UFPE, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Vale do São Francisco, no Sertão do Estado, também sofreram redução de 30%.

'Patrimônio de Pernambuco'

Durante a entrevista ao programa Passando a Limpo, Thiago Galvão pediu a colaboração dos deputados pernambucanos e da população do Estado para ajudar a universidade, considerada por ele 'patrimônio de Pernambuco'. Também solicitou que os parlamentares não poupem esforços para contribuir não só com a UFPE, mas também com as demais universidades federais do Brasil. 

"Então, a gente primeiro espera reverter isso, que os parlamentares, o governo do Estado, os governos municipais, apoiem a Universidade Federal de Pernambuco assim como as demais universidades do país que hoje sofrem com um corte que já chega a R$ 2 bilhões e 200 milhões do seu orçamento de custeio e de capital, no caso de investimento", disse. 

Ouça a entrevista na íntegra:

Por meio de nota, o Conselho Universitário da Universidade Federal de Pernambuco informou que o bloqueio dos R$ 5,8 milhões destinados a investimento prejudicará ''as atividades de ensino de graduação e pós-graduação, pesquisa e extensão, que dependem dessas verbas para a melhoria da infraestrutura de salas de aulas e laboratórios, bem como para a aquisição de equipamentos e materiais''. 

Veja a íntegra da nota

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Pernambuco, reunido nesta quinta-feira (2), recebeu com profunda preocupação a notícia do bloqueio de 30% do orçamento da UFPE, promovido pelo Ministério da Educação. No total, estão bloqueados R$ 55,8 milhões, sendo R$ 50 milhões relativos à manutenção e R$ 5,8 milhões destinados a investimentos.

A Universidade enfrentará sérias dificuldades para honrar seus contratos de manutenção, como pagamentos de energia elétrica, água, telefone, segurança, manutenção e conservação predial. Já o corte de recursos de investimentos prejudicará as atividades de ensino de graduação e pós-graduação, pesquisa e extensão, que dependem dessas verbas para a melhoria da infraestrutura de salas de aulas e laboratórios, bem como para a aquisição de equipamentos e materiais.

Se essa situação de bloqueio do orçamento das instituições federais de ensino superior não for revertida, a UFPE terá seu funcionamento no segundo semestre letivo fortemente comprometido, o que prejudicará a qualidade e a execução de suas atividades fim e de gestão, impossibilitando a prestação adequada de serviço e comprometendo a sua missão institucional.
Assim, é de fundamental importância o apoio da sociedade contra o corte no orçamento das universidades públicas, configurando-se a necessidade de mobilização da comunidade acadêmica, dos parlamentares pernambucanos, dos governos estadual e municipais, dos setores empresariais e das organizações sociais e de ciência e tecnologia, em defesa da UFPE, patrimônio da sociedade brasileira.

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