Santa Maria

Dá para aprender a empreender?

Com empreendedorismo na ordem do dia, escolas estão atentas à necessidade de preparar alunos para essa realidade

JC Online
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Publicado em 22/10/2019 às 9:10
Foto: Luiz Pessoa/JC360
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Fazer do limão uma limonada é uma realidade para os brasileiros. Em tempos de altas taxas de desemprego, muitos escolheram transformar a crise em oportunidade, se reinventando profissionalmente para gerar renda. De acordo com pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, o País alcançou 38% na Taxa de Empreendedorismo Total. Isso significa que 52 milhões de brasileiros têm o próprio negócio, rotina para não apenas quem está tentando voltar ao mercado de trabalho, mas também para quem está entrando agora.

Atentas a essas tendências de mercado, escolas estão investindo na preparação de seus alunos cada vez mais cedo para esse contexto. “A gente pega os desejos e os sonhos que eles têm para concretizar esse projeto empreendedor, mostrando o potencial de cada um. Que ele é capaz de trabalhar em grupo, que ele é capaz de ser protagonista da própria carreira”, explica Inaldo Barros, professor de robótica e de empreendedorismo/maker no Colégio Santa Maria, em Boa Viagem.

“É o projeto para o século XXI: uma criança que pode ser empreendedora, criar e desenvolver. Motivamos nossos alunos e alunas para isso. Para as profissões do futuro, eles precisam ter esse processo de criatividade bem estabelecido e incorporado. Gerenciar é uma das necessidades, assim como ser criativo”, defende. A instituição tem uma sala especialmente voltada para trabalhar o empreendedorismo, voltada para crianças e adolescentes do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental. “E não é algo focado no futuro, é para o agora. Agora a gente constrói, e lá na frente eles vão ser inseridos no mercado já com esse pensamento e habilidades. A ideia para criar uma startup, uma empresa, algo em que eles desejem empreender”, continua Inaldo.

As aulas são voltadas para que o aluno desenvolva, a partir de uma ideia, uma visão empreendedora. “No processo, eles também têm contato com a ideia de ser maker, colocar a mão na massa. Os alunos passam um tempo na incubadora, onde vão fomentar essa ideia inicial. E aí eles fazem um projeto de empresa, onde vão dividir as funções, quais os materiais necessários”, explica o professor André Pessoa. “Um aluno é o diretor de produção, o outro diretor financeiro... E eles vão pensar quem compra o quê e quem faz o quê, para que ninguém trabalhe mais do que o outro. Essa parte de delimitar tarefas, de pensar em materiais e comprar produtos é a parte realmente maker, colocar a mão na massa.”

As atividades podem ter cunho social, sem fins lucrativos, ou se transformar em um negócio rentável. “Já aconteceu aqui de eles recolherem camisas antigas, transformar essas camisas em mochilas e agora vão fazer oficinas em escolas, para que outros alunos criem as mochilas e obtenham renda”, continua André. “Então é uma ideia que tem um lucro, porque eles ficam com parte do valor das vendas, mas com forte cunho social. E eles pensam em quem vai recolher as camisas, quem vai comprar as agulhas, quem vai aprender a costurar. Do início até o fim”, ressalta. Os professores entram apenas como mediadores, orientando sobre as fases do projeto. “Questionar se ele consegue fazer tudo no tempo disponível, podar algumas ideias que são megalomaníacas e incentivar propostas que são mais factíveis, provocá-los para entender se as ideias podem contribuir com a sociedade: esse é o nosso papel”, pontua André.

As amigas Daniela Marques, de 13 anos, e Maria Beatriz Menezes, de 12 anos, estão no 7º ano e já têm algumas ideias para colocar em prática dentro e fora da sala de aula. “Gostaria muito de criar uma empresa inovadora, na área de moda, que é o que eu gosto. Talvez trabalhar com roupas sustentáveis, utilizando tecidos que não prejudiquem o meio ambiente”, conta Daniela. Já Maria Beatriz busca algo voltado para os animais. “Eu gostaria de empreender de uma forma mais voltada para ajudar animais de rua, uma forma de empreendedorismo social. Às vezes penso em deixar ração na rua para eles, criar grupos voltados para isso. Mas ainda estou desenvolvendo a ideia”, afirma.

Foto: Luiz Pessoa/JC360
Para o professor Inaldo Barros transformar ideias e sonhos em projeto é ponto de partida para jovens - Foto: Luiz Pessoa/JC360

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