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Municípios pernambucanos se unem para melhorar alfabetização

Teste de leitura mostra que Pernambuco tem muito a vencer. Com apoio do Estado, prefeituras correm para melhorar cenário

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 24/11/2019 às 10:19
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Teste de leitura mostra que Pernambuco tem muito a vencer. Com apoio do Estado, prefeituras correm para melhorar cenário - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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O teste de fluência em leitura realizado pelo governo estadual três meses atrás, em agosto, com alunos dos 2º anos do ensino fundamental, reforçou o que a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), aplicada em 2016, já havia mostrado: muitos estudantes pernambucanos das escolas públicas não estão aprendendo a ler no tempo certo. Inédito no Estado, o exame relevou que 40% dos garotos estão na fase de pré-leitor, ou seja, leem poucas palavras e com dificuldade. Outros 32,4% foram considerados leitores iniciantes e apenas 7,6% integraram o grupo de leitor fluente. A boa notícia é que o diagnóstico motivou gestores municipais, que respondem por 98% das matrículas nos anos iniciais do ensino fundamental, a investirem em ações para melhorar esse cenário. Com apoio do Estado, por meio do Programa Criança Alfabetizada, professores adotam novas formas de ensinar, enquanto os alunos estão descobrindo o mundo das letras.

Participaram da avaliação 62.047 crianças. “Os resultados do teste revelam o grande desafio que temos, mas eram esperados em função dos indicadores que Pernambuco já trazia na alfabetização. A avaliação mostrou que 40% dos alunos, no início do segundo semestre letivo, ainda como pré-leitores. Significa que leram no máximo 10 palavras do teste e com dificuldade”, observa a secretária executiva de Educação de Pernambuco, Ana Selva.

“Os leitores iniciantes, 32,4%, leem devagar, pausado e não conseguem dar entonação, ritmo, expressividade, o que acaba tendo desdobramento na compreensão do que leram”, explica Ana. O ideal, destaca a secretária, é que o estudante termine o 2º ano como leitor fluente, ou seja, com domínio da leitura.

Secretários municipais de educação receberam o diagnóstico de suas redes em outubro. Antes, em setembro, começaram as formações com os coordenadores do programa e docentes. Todos as 184 prefeituras aderiram ao Criança Alfabetizada. Agora a iniciativa está na fase de monitoramento. Em Olinda, no Grande Recife, alunos e professores elogiam os almanaques do projeto. “É legal, tem histórias, poesias, brincadeiras. A gente se diverte”, afirma Kauane Silva, 8 anos, do 2º ano da Escola Municipal Pastor Davi, do Alto da Bondade.

“As crianças estão identificando a realidade delas retratada no livro. Tem foto do Carnaval de Olinda, de cidades do interior. Elas estão encantadas. Vimos uma imagem de Julião das Máscaras, artesão que eu conheço, pois moramos no mesmo bairro, Guadalupe. Quando contei que o conhecia, não acreditaram. O sentimento de pertencimento, o colorido das páginas, as atividades propostas têm contribuído para o aprendizado”, comenta a professora Conceição Oliveira. “O impacto do programa não será tão significativo este ano, mas a motivação é grande, uma vontade de todos em melhorar a aprendizagem”, diz a secretária executiva de Educação de Olinda, Edilene Soares.

Em Tuparetama, no Sertão do Pajeú, os alunos brincaram de Ouvinte sortudo. A atividade, proposta no Criança Alfabetizada, consiste em escolher uma pessoa para ouvir a leitura do aluno. Lá os eleitos foram os avós. Nicole Farias, 8, da Escola Municipal Francisco Chaves Perazzo, teve a atenção do avô paterno, Josamir Farias, 64, na farmácia da família. “Adorei a experiência. Quando fica comigo na farmácia a estimulo a ler as receitas médicas”, relatou o avô.

Em Lagoa dos Gatos, no Agreste, fez sucesso o sussurrofone, instrumento simples, feito de cano, que parece com o gancho de um telefone e também foi proposta do programa. “A voz da criança é amplificada. Ela ouve sua própria leitura e pode se autoavaliar. E treina sem atrapalhar o colega”, relata a coordenadora do projeto na cidade, Elizangela Torres. “Tinha pensando em colocar minha filha no reforço porque não estava lendo. Mas nos últimos meses ela avançou e já lê palavras curtas. É uma alegria para ela, para a família e para a escola”, diz Viviane Silva, mãe de Ana Lívia, 7, do 1º ano da Escola Municipal Cordeiro Filho.

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