A tentativa de negociação entre rodoviários e empresários de transportes, apesar de duradoura, foi frustrada. As partes se reuniram por cinco horas na tarde desta quarta (4), no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no Cais do Apolo, Bairro do Recife, mas não conseguiram chegar a um acordo. Por isso, a decisão sobre o reajuste salarial da categoria ficará a cargo da Justiça. Às 15h desta quinta (5), no TRT, desembargadores decidirão a respeito da legalidade da greve e sobre o percentual que será oferecido a cobradores, motoristas e fiscais. Grevistas prometem protesto no mesmo horário, na Avenida Guararapes, Centro do Recife.
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Rodoviários e advogados que representam as Empresas de Transporte Integrado de Pernambuco (Urbana-PE) chegaram ao tribunal às 13h30. A reunião, que contou com a participação do procurador Fábio Farias, do Ministério Público do Trabalho, e do presidente do Tribunal, André Genn, se estendeu até o início da noite, mas nada foi resolvido. “Está difícil um acordo entre as partes. Várias propostas foram apresentadas, dos dois lados, mas, como não houve negociação, o tribunal precisará intervir”, afirmou André Genn. “É importante lembrar que, de acordo com determinação da Justiça, mesmo com a continuidade da greve durante o dia de amanhã (hoje), deve haver pelo menos 50% da frota de ônibus em circulação”, ressaltou o desembargador.
De acordo com o Urbana-PE, ontem 57% dos ônibus circularam normalmente. Para isso, algumas empresas de transporte precisaram contratar funcionários temporariamente. O improviso trouxe transtornos aos usuários, que chegaram atrasados ao trabalho e também tiveram dificuldade de voltar para casa. A estoquista Janaína da Silva, 30 anos, mora no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana, e trabalha no bairro de São José, Centro do Recife. Na terça (3), chegou uma hora atrasada ao local de trabalho. “O ônibus até que não demorou muito, mas houve troca de motorista três vezes. A gente (passageiros) não entendeu o que houve. Será que não sabiam o caminho? O que eu sei é que a viagem atrasou e demorei a chegar ao Terminal do Cais de Santa Rita”, contou.
O comerciário Moisés Soares, 22, mora em Casa Amarela. Ele deveria ter começado a trabalhar, também no bairro de São José, às 8h30, mas conseguiu chegar apenas às 11h. “Esperei muito por um ônibus na Avenida Padre Lemos, em Casa Amarela, e não passou. Fui então para a Avenida Norte, onde também esperei muito, mas consegui”, disse, enquanto esperava, há 40 minutos, por um transporte para voltar para casa.
Não foram divulgados detalhes do que foi conversado durante toda a tarde de ontem no TRT. Os representantes dos empresários afirmaram apenas que não houve oferta maior do que os 8% oferecidos na última segunda-feira, na Procuradoria Regional do Trabalho. A categoria reivindica 30%.
Ao final da noite, revoltados com a demora da reunião à qual apenas alguns representantes da categoria tiveram acesso, grevistas se organizaram e prometeram protestar durante o dia de hoje. “Iremos nos reunir em frente à sede dos Correios, na Avenida Guararapes, às 15h, onde realizaremos um protesto, dependendo do resultado divulgado pelo Tribunal”, afirmou o cobrador Sandro Moraes.