Sem garantias de melhorias nas condições de segurança para funcionários que trabalham nos trens e estações, os metroviários do Recife rejeitaram proposta de acordo de funcionamento parcial, nos horários de pico, e entram, nesta quinta-feira, no terceiro dia de greve com 100% dos serviços parados, por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembleia, na noite desta segunda, na Estação Central, após audiência de conciliação realizada na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-PE), área central do Recife.
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No encontro, mediado pelo desembargador Pedro Paulo Pereira Nóbrega, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) propôs que os trabalhadores mantivessem o serviço nos horários de pico (das 5h às 9h e 16 às 20h de segunda à sexta-feira e das 5h às 13h nos sábados). Já o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários de Pernambuco (Sindmetro) fez contraproposta de redução dos horários para as 6h às 9h e 16h às 19h30 nos dias úteis e 6h às 12h no sábado, exceto em dias de jogo, quando não haveria expediente à tarde.
Com isso, ficariam livres da multa de R$ 800 mil ao dia estabelecida pelo desembargador por meio de liminar expedida na segunda-feira (6), atendendo, em parte, medida cautelar da CBTU. Mas a categoria não concordou em voltar ao trabalho. “A CBTU não fez nenhuma proposta que atendesse à nossa pauta de reivindicações, que é restrita à questão da segurança, então os trabalhadores entenderam que, sem isso, não há motivo para encerrar a mobilização”, explica o presidente do sindicato, Diogo Morais.
Nesta quinta, o sindicalista participará de reunião com o diretor-presidente da CBTU nacional, Fernando Barini, no Rio de Janeiro, em mais uma tentativa de resolver o impasse. Os metroviários pedem reforço do quadro de seguranças, por meio de contratação de concursados, convênios com as polícias Militar e Federal e regularização da profissão de agentes de segurança metroviária. Também querem fim do comércio ambulante nos trens e estações e retirada dos caixas eletrônicos.
Na audiência de conciliação, os metroviários entregaram ao desembargador Pedro Paulo um dossiê que comprovaria 1,4 mil das 1,6 mil ocorrências registradas pelo pessoal da segurança, este ano, entre assaltos, estupros, vandalismos e agressões, além de trabalho infantil e informal.
O encontro começou às 15h30 e teve uma pausa no início da noite para que os trabalhadores pudessem levar a proposta à assembleia. Pouco depois das 21h, a reunião foi retomada, com a rejeição do acordo e volta das negociações à estaca zero, após quase oito horas de negociação.