Atualizada às 11h28
O julgamento de Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, 52 anos, Isabel Cristina Pires da Silveira, 53, e Bruna Cristina Oliveira da Silva, 28, trio acusado de canibalismo, recomeçou na manhã desta sexta-feira (14) após um dia de depoimentos. A sessão do júri começou com a representante do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a promotora Eliane Gaia, que terá 2h30 para sustentação oral. A sessão ocorre no Fórum Lourenço José Ribeiro, em Olinda, Grande Recife, e é presidida pela juíza Maria Segunda.
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Em sua fala, a promotora Eliane Gaia construiu sua argumentação observando o comportamento dos acusados. "Olhem como Bruna gosta de sorrir. É uma canibal feliz", analisou, repreendendo os constantes risos da ré. A representante do MPPE vem a desconstruir as argumentações da defesa, de que os réus estariam arrependidos do que fizeram. "Você viveu de manipulação, Jorge. Mas a Justiça você não vai manipular", disse. A acusação também trouxe informações sobre a seita macabra. "O mentor espiritual d'O Cartel era o pai de Isabel, já falecido", diz Eliane Gaia.
Em posse do exame de sanidade dos réus, a promotora afirma que todos eram capazes de discernir sobre o que faziam. "Jorge tem fascínio pelo mal. Não tem nada de louco, nada. Frio, perverso, calculista, desprezível. Esse é Jorge. Bruna e Isabel também" concluiu. Isabel tentou intervir na fala da acusação, mas foi repreendida pela promotora e pela juíza.
O grupo é acusado pelo MPPE de homicídio quadruplamente qualificado (por motivo fútil, com emprego de meio cruel, sem dar chance de defesa à vítima e para assegurar impunidade), vilipêndio e ocultação de cadáver de Jéssica Camila da Silva Pereira, 17 anos. O crime ocorreu em maio de 2008, no bairro de Rio Doce, Olinda.
A primeira parte do julgamento, iniciado na quinta-feira (14), durou mais de 10 horas e teve os depoimentos das testemunhas e dos réus. O trio confirmou ter cometido o assassinato da jovem e de ter comido a carne após a morte. As investigações da polícia indicaram que as mortes faziam parte de um "ritual de purificação". A defesa tentou alegar esquizofrenia, o que foi descartado pelo psiquiatra forense Lamartine Hollanda.
Durante o dia, os três acusados prestaram depoimento. Jorge Beltrão disse que cometeu um erro. "Foi um erro monstruoso, um momento de fraqueza e loucura que me arrependo muito", falou. Em seguida, ele pediu a juíza para realizar uma oração. Durante a oração, pediu que Deus o perdoasse pelos atos e pecados e ajudasse as famílias da vítimas que perderam os parentes.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco, a sessão desta manhã recomeça com a fase de debates. A promotoria terá 2h30 para a sustentação oral, mesmo tempo destinado à defesa dos réus. Depois, o MPPE tem direito a 2h de réplica e os defensores poderão requerer outras 2h de tréplica. Finalizada essa etapa, os sete jurados se recolhem, em sala reservada, para responder aos questionamentos que definirão se os réus serão condenados ou absolvidos. Por último, a magistrada retorna ao salão do júri para dar a sentença.